Política
A revolta dos filhos de Bolsonaro com o relatório que mostrou movimentação de R$ 17 milhões em Pix para o ex-capitão
O Coaf também identificou uma série de movimentações financeiras suspeitas no entorno do ex-presidente
O senador Flávio Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro, filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro, reclamaram, nas redes sociais, da divulgação de um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que revelou o recebimento de 17 milhões de reais em Pix nas contas do ex-capitão em 2023. A movimentação atípica foi divulgada na quinta-feira 27 e gerou revolta quase imediata do clã do ex-presidente.
Segundo Flávio, o escrutínio sobre as contas do ex-presidente seria ‘um assassinato de reputação sem precedentes’. Ele alega não haver nada de ilegal nas doações milionárias recebidas pelo seu pai. Em meio ao post revoltado, o senador cobra investigação nas contas de Adélio Bispo, autor da facada contra Bolsonaro, em 2018. A publicação, novamente, busca agitar apoiadores a alegarem que o autor do atentado teria agido sob ordens de um mandante. A hipótese, porém, já foi descartada por diferentes investigações. A conclusão da polícia, importante dizer, é sempre a mesma: Adélio agiu sozinho.
Um assassinato de reputação sem precedentes contra o melhor presidente que o Brasil já teve! Reviram tudo, não encontram nada e mais uma vez quebram a cara!
Nunca houve qualquer vazamento, quebra de sigilo ou exposição, sem embasamento, de nenhum ex-presidente na história do… pic.twitter.com/yagJghO7pX
— Flavio Bolsonaro (@FlavioBolsonaro) July 28, 2023
Na publicação de Carlos Bolsonaro a mensagem é mais sucinta. Ele alega apenas que o caso seria típico de um regime comunista. A afirmação compara, assim como faz Flávio ao final do longo texto, o Brasil atual com a Venezuela. A postagem responde também a uma outra publicação, que alega que Bolsonaro não seria mais tratado como um cidadão, mas como um pária.
Na democracia comunista relativa vale tudo! Já vivemos na Venezuela! pic.twitter.com/zvtR6nepIc
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) July 28, 2023
Nesta quinta, além da movimentação atípica nas contas de Bolsonaro, outras duas revelações do Coaf complicam a vida do ex-capitão.
A primeira delas mostrou que o seu principal ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid, movimentou 3,2 milhões de reais entre junho de 2022 e janeiro de 2023. De acordo com o Coaf, a “movimentação de recursos é incompatível com o patrimônio, atividade econômica ou a ocupação profissional e capacidade financeira do cliente” e “transferências unilaterais que, pela habitualidade e valor ou forma, não se justifiquem ou apresentem atipicidade”.
Em outra frente, o órgão também identificou uma movimentação que implica a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. O foco, neste caso, é a empresa Cedro do Líbano Comércio de Madeira e Materiais para Construção, suspeita de financiar gastos pessoais da esposa do ex-capitão com recursos obtidos em contratos públicos. Ao todo, mostra o relatório, a empresa movimentou mais de 32 milhões de reais, algo que não condiz, segundo o órgão, com o porte, o patrimônio, a atividade e a capacidade financeira da empresa.
Apesar da revolta dos filhos no caso, Jair Bolsonaro ainda não comentou as revelações. O último post em suas redes sociais, vale mencionar, trata-se de uma teoria da conspiração que insinua que o PT teria sido o mandante da facada.
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