Política
A resposta do líder do governo sobre ceder novos cargos ao União Brasil
Segundo Randolfe Rodrigues, não há possibilidades de que o partido do Centrão ocupe novas cadeiras no governo: ‘Eles já têm muito nas mãos’
O líder do governo no Congresso Nacional, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), descartou conceder novos cargos ao União Brasil. A afirmação foi feita nesta quarta-feira 15 em entrevista ao jornal O Globo.
Segundo defendeu Randolfe, o partido do Centrão já conquistou espaço demais no governo e, por isso, não deve receber novos cargos. A declaração é uma resposta direta a Luciano Bivar, presidente do União, que pleiteou publicamente cadeiras em estatais e outros órgãos do segundo escalão do governo para que o partido apoie Lula no Congresso.
Para Randolfe, porém, com os três ministérios já entregues ao União, o partido precisa dar, pelo menos, 80% dos votos favoráveis ao governo na Câmara e no Senado. A pouca adesão à base de Lula tem incomodado aliados do presidente, que reclamam publicamente da ‘pouca entrega’ feita pela legenda desde a entrada no primeiro escalão do governo. Gleisi Hoffmann, presidenta do PT, chegou a pedir, inclusive, uma readequação dos ministérios se a situação seguisse desta forma.
“No primeiro flerte, o governo já chamou o União para o casamento. Assim como do PSD e do MDB, esperamos ter entre 80 e 90% dos votos do União. Eles já têm muito nas mãos”, afirmou Randolfe ao jornal nesta quarta-feira.
Um dia antes, Bivar disse ao Globo que, além dos ministérios das Comunicações, da Integração e do Turismo, pretende comandar a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Denocs). Em troca, garantiria que mais da metade da bancada votasse com o governo.
Apesar de rechaçar entregar mais cargos ao União Brasil, o líder do governo disse que Lula estaria disposto a ceder espaços para o PP e Avante caso estes formassem uma fusão com a legenda de Bivar. Há em curso negociações para que os três partidos se juntem em uma federação. A intenção é atrair parte dos partidos que antes estavam alinhados com Jair Bolsonaro para a base do novo governo.
“Eles precisam resolver a fusão com o PP e Avante. O compromisso é que seguirão no governo, mas teremos que ver esta nova realidade, avaliar como fica o quadro diante desta bancada. Antes da fusão ocorrer é impossível travarmos qualquer conversa. A relação deve ser sempre de mão dupla”, disse Randolfe.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.
Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.