Política
A nova tentativa de Lula para se aproximar de lideranças da bancada evangélica
Uma reunião deve acontecer logo após a retomada dos trabalhos no Legislativo, em fevereiro


O presidente Lula (PT) escalou seus principais auxiliares para articular um encontro com lideranças da bancada evangélica no Congresso Nacional ainda no início de 2024. O gesto de aproximação foi bem recebido por parlamentares considerados “moderados”, segundo relatos feitos a CartaCapital.
A reunião deve acontecer logo após a retomada dos trabalhos no Legislativo, em fevereiro. O formato do encontro ainda não foi definido pelo Palácio do Planalto.
O advogado-geral da União, Jorge Messias, é um dos ministros responsáveis pela interlocução com os congressistas. Considerado um dos homens de confiança de Lula, ele é evangélico e chegou a ser escolhido para representar o petista na Marcha para Jesus, em junho.
A articulação também é capitaneada por Alexandre Padilha, articulador político do governo, e Paulo Pimenta, chefe da Secom.
Integrantes do governo e parlamentares da base admitem que o gesto atende a um desejo pessoal do presidente de estreitar o diálogo com o segmento evangélico, que representa cerca de 30% do eleitorado brasileiro.
Na Conferência Eleitoral do PT de 8 de dezembro, Lula chegou a demonstrar preocupação com o afastamento. “Como é que a gente vai chegar aos evangélicos?”, perguntou. “Nós temos que aprender a conversar com essa gente, que é trabalhadora e de bem.”
A declaração ocorreu após uma pesquisa Datafolha mostrar que a reprovação ao governo continua maior entre os evangélicos – segundo o levantamento, 38% dos integrantes desse grupo desaprovam a gestão de Lula.
Desde o ano passado, houve algumas tentativas de aproximação por parte do Planalto, mas os desafios permanecem. Agora, sondagens demonstram o interesse no diálogo com parlamentares tidos como “moderados”, segundo relatos. Há, contudo, entraves na interlocução com nomes mais próximos ao bolsonarismo.
Ex-presidente da Frente Parlamentar Evangélica, o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) diz considerar a iniciativa do governo “contraditória” porque, na prática, o Planalto apoiaria pautas que contrariam “os princípios morais” da bancada.
“O governo faz tudo que a gente não quer e corre para ampliar diálogo. Não vejo capacidade de dar certo. Líderanças podem até comparecer, mas eles certamente não representam a bancada”, pontua.
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