Justiça

A nova estratégia bolsonarista para diminuir a pena dos golpistas do 8 de Janeiro

Oposição cede e começa a conversar com Alcolumbre sobre novo projeto para livrar manifestantes 

A nova estratégia bolsonarista para diminuir a pena dos golpistas do 8 de Janeiro
A nova estratégia bolsonarista para diminuir a pena dos golpistas do 8 de Janeiro
Ataques de 8 de Janeiro em Brasília – Imagem: Joédson Alves/Agência Brasil
Apoie Siga-nos no

Depois que o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), enterrou o projeto de lei que concede anistia ampla e irrestrita aos golpistas do 8 de Janeiro, a oposição bolsonarista no Congresso Nacional começou a se mobilizar por um novo texto. 

O movimento não é uma adesão ao projeto “alternativo” do senador Alessandro Vieira (MDB-SE), que conta com o apoio de Davi Alcolumbre (União-AP), mas uma nova proposta que busca conceder penas mais brandas aos que participaram do movimento em 2023.

A ideia debatida entre os deputados e senadores de oposição é um projeto que puna os golpistas de 8 de Janeiro pelo quebra-quebra da Praça dos Três Poderes, mas que sejam retirados os crimes de tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e associação criminosa armada.

Dessa forma, os manifestantes radicalizados só seriam punidos pelos crimes de dano qualificado e deterioração de patrimônio público.

O deputado Zucco (PL-RS) é um dos atores desse novo acordo. Segundo ele, a oposição já começou a conversar com o presidente do Senado sobre esse segundo projeto alternativo.

A pena para o crime de dano qualificado, conforme o artigo 163 do Código Penal, é de detenção de seis meses a três anos e multa. Já a pena para deterioração de patrimônio tombado é de um a três anos de prisão e multa.

Essa posição é parecida com a do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal. O magistrado foi o único integrante da Primeira Turma a votar por uma pena menor para Débora Rodrigues dos Santos, a “Débora do Batom”. Enquanto a maioria dos ministros do colegiado acompanhou o relator Alexandre de Moraes por uma pena de 14 anos, Fux determinou apenas um ano e seis meses de prisão.

À época, o ministro votou por condenar a cabeleireira a essa pena de reclusão por considerar que ela apenas participou do crime de deterioração de patrimônio tombado. Essa interpretação poderia ser usada por outros réus do 8 de Janeiro, que buscam penas mais brandas.

Por essa posição, o ministro é amplamente defendido por bolsonaristas. A própria ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro chegou a dizer que Fux é uma “fagulha de bom senso” no tribunal.

E Alcolumbre?

Por ora, Alcolumbre apoia o texto de Vieira, que prevê uma reforma do Código Penal, a fim de reduzir penas em certos casos – especificamente o golpe de Estado e a abolição do Estado Democrático de Direito.

Atualmente, a legislação penal prevê uma pena de reclusão que varia de quatro a 12 anos para os crimes. A proposta apresentada por Vieira propõe reduzir essa pena para um intervalo de dois a oito anos.

O projeto de Vieira também busca a unificação das penas nos casos em que os crimes de golpe de Estado e de abolição do Estado Democrático de Direito forem cometidos simultaneamente e no mesmo contexto. Nesse cenário, apenas a pena referente ao golpe de Estado seria aplicada, descartando o acúmulo de sanções pelos dois delitos.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.

O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.

Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.

Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo