“A mídia está fazendo o papel dela e está informando”, diz Mourão

O discurso do general vai contra o de Bolsonaro, que constantemente ataca os jornalistas e diz que a imprensa faz alarde sobre o coronavírus

O General Hamilton Mourão, vice-presidente do Brasil. Foto: Suamy Beydoun/AGIF/AFP

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O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou, neste domingo 29, que na crise do coronavírus “a mídia está fazendo o papel dela e está informando”. O discurso do general vai contra o do presidente Jair Bolsonaro, que constantemente ataca os jornalistas e diz que a imprensa faz alarde sobre a crise. 

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Mourão diz que é hora de as autoridades deixarem o individualismo de lado no combate ao coronavírus no Brasil e defende um consenso frente à pandemia. “Acho que está havendo uma falta de coordenação das ações no final”, declarou sobre a crise entre os governadores e o presidente Jair Bolsonaro.

Esse tom mais conciliador vem depois de uma semana de crise entre Bolsonaro e Mourão. Um dia após o pronunciamento oficial do presidente , no qual ele pediu o fim da quarentena e chamou o coronavírus de “gripezinha”, Mourão foi contra o discurso do capitão e disse que a posição do governo era uma só: isolamento e distanciamento social.

Em seguida, quando questionado, Bolsonaro disse que o presidente era ele, fazendo assim uma crítica a Mourão por ter ido contra seu pronunciamento. À Folha, o vice-presidente manteve um discurso mais ameno e tentou defender as atitudes do presidente.

“O presidente tem o jeito dele. Sou vice-presidente do Jair Bolsonaro. Ando na ala dele. Não estou aqui para dizer: “Presidente, muda seu jeito de ser”. Não adianta. Ele tem 65 anos”, disse.


Questionado sobre a decisão de Bolsonaro de não mostrar o exame negativo para o vírus, respondeu: “Acho que tem de confiar na palavra do presidente. Seria o pior dos mundos o presidente chegar e declarar que testou e deu negativo e depois aparecer que deu positivo”.

E sobre como resolver a crise, Mourão acredita que precisa de um planejamento centralizado. “Numa estrutura militar, dou ordem e a turma obedece. Em uma estrutura política, isso não funciona desse jeito. A coordenação é muito mais no sistema do consenso, na busca do entendimento e na busca dos melhores propósitos”, afirmou o vice-presidente,

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