Justiça

‘A gente conversa em particular’: em reunião, Bolsonaro interrompe Heleno sobre infiltrar Abin na campanha eleitoral

No encontro, o general afirmou que ‘se tiver que virar a mesa, é antes das eleições’

Foto: Reprodução
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O general da reserva Augusto Heleno, à época ministro do Gabinete de Segurança Institucional, afirmou em uma reunião em julho de 2022 que pretendia infiltrar integrantes da Agência Brasileira de Inteligência nas campanhas de Jair Bolsonaro (PL) e de Lula (PT).

A reunião é um dos elementos que basearam a operação da Polícia Federal sobre a articulação de um golpe de Estado em 2022. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, derrubou o sigilo da gravação nesta sexta-feira 9. Clique aqui para assistir à íntegra.

Em dado momento do encontro, Heleno foi interrompido por Bolsonaro, o que sinaliza a admissão de que não se tratava de algo legítimo.

“Dois pontos para tocar aqui, presidente. Primeiro, o problema da inteligência. Eu já conversei ontem com o Victor [Felismino Carneiro], novo diretor da Abin. Nós vamos montar um esquema para acompanhar o que os dois lados vão fazer“, disse o então ministro. “O problema todo disso é se vazar qualquer coisa. Muita gente se conhece nesse meio. Se houver qualquer acusação de infiltração desse elemento da Abin em qualquer um dos lados…”

Bolsonaro, então, repreende Heleno: “General, eu peço que o senhor não fale, por favor. Peço que o senhor não prossiga mais na sua observação, não prossiga na sua observação. Se a gente começar a falar ‘não vazar’, esquece. Pode vazar. Então a gente conversa particular na nossa sala sobre esse assunto“.

Após o “alerta”, o ministro do GSI passa tratar de outro aspecto da articulação. Segundo ele, “não tem VAR nas eleições”.

“Então, o que tiver que ser feito tem que ser feito antes das eleições. Se tiver que dar soco na mesa, é antes das eleições. Se tiver que virar a mesa, é antes das eleições. Depois das eleições, será muito difícil que tenhamos alguma nova perspectiva”, prosseguiu.

“Isso aí tem que ficar bem claro, acho que as coisas têm que ser feitas antes das eleições. Vai chegar um ponto em que não vamos poder mais falar, vamos ter que agir. Agir contra determinadas instituições e determinadas pessoas, isso para mim é muito claro. Só isso.”

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