Política

A favor de controle de fronteira, Jucá deixa liderança do governo

Um dos principais aliados de Temer, o senador disputa a reeleição em Roraima

Apoie Siga-nos no

O senador Romero Jucá, candidato à reeleição ao cargo, anunciou no Twitter que deixará a liderança do governo no Senado por discordar da forma como a gestão de Michel Temer “está tratando a questão dos venezuelanos em Roraima”.

Leia também:
Como políticos exploram a crise migratória em Roraima
Ataque a venezuelanos em Roraima mostra como a xenofobia se alimenta

Jucá defende o fechamento da fronteira do Brasil com Roraima, seu domicílio eleitoral. O governador Suely Campos, candidata à reeleição pelo PP, tem pedido ao Supremo Tribunal Federal para barrar a entrada de imigrantes venezuelanos. No início de agosto, a justiça local havia determinado o fechamento da fronteira, mas a medida foi revertida 15 horas depois.

Recentemente, a Advocacia-Geral da União se manifestou contra o fechamento da fronteira. Contrário à medida, Temer considera a questão “inegociável”. O ministro da Justiça, Raul Jungmann, também tem se posicionado contra a medida.

Embora Temer e Jucá pensem de forma diferente em relação à questão diplomática, o componente eleitoral não deve ser ignorado na decisão de Jucá. Um dos aliados mais fiéis do emedebista, o senador busca a reeleição em meio à alta impopularidade do atual presidente. A defesa do fechamento da fronteira é apoiada por uma parte significativa da população de Roraima.

Neste mês, Pacaraima, município do estado, foi palco de cenas agressão entre venezuelanos e brasileiros depois de um comerciante local ter sido agredido durante um assalto. Em resposta, grupos de brasileiros passaram a perseguir refugiados que vivem na cidade, queimando seus pertences.

Agredidos com pedaços de pau, os refugiados foram expulsos das tendas que ocupavam na região na fronteira do Brasil com o país vizinho. Com medo, ao menos 1,2 mil venezuelanos voltaram para o país de origem.

Esta não é primeira ocorrência de xenofobia praticada em massa no estado. Em março deste ano, moradores do município de Mucajaí entraram em um abrigo de refugiados, expulsaram os venezuelanos e depois atearam fogo nos objetos pessoais das famílias.

A manifestação xenofóbica foi convocada via redes sociais depois de uma brigada generalizada entre venezuelanos e brasileiros, e que levou a morte um morador de Mucajaí e de um imigrante. O Ministério Público de Roraima indiciou cinco pessoas por prática de xenofobia e incitação ao crime.

Entre 2015 e 2016, quando a crise na Venezuela começou a ficar mais grave, o posto da Polícia Federal no município de Pacaraima, atendia, em média, 200 venezuelanos pedindo abrigo no Brasil todos os dias. Hoje, passam diariamente pelo local ao menos mil refugiados do país vizinho.

Entre 2017 e 2018, mais de 120 mil venezuelanos entraram em Roraima. Mais da metade deles já deixou o Brasil. Em julho, o governo brasileiro informou que 4 mil venezuelanos permaneciam em abrigos em Roraima.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo