Política

A evangélicos, Bolsonaro conta que chora sozinho no banheiro para Michelle não ver

‘Minha esposa nunca viu. Ela acha que eu sou o machão dos machões’, relatou o presidente

O presidente Jair Bolsonaro. Foto: Evaristo Sá/AFP
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O presidente Jair Bolsonaro afirmou chorar sozinho no banheiro de casa para que sua esposa, a primeira-dama Michelle Bolsonaro, não o veja. Segundo ele, o choro é ‘por não poder errar’, como podia enquanto ainda era deputado.

A declaração foi dada a uma plateia de evangélicos em um encontro religioso organizado nesta quinta-feira 14 por uma igreja em Brasília e registrado pelo jornal Folha de S. Paulo.

“Cada vez mais nós sabemos o que devemos fazer. Para onde devemos direcionar as nossas forças. Quantas vezes eu choro no banheiro em casa? Minha esposa nunca viu. Ela acha que eu sou o machão dos machões. Em parte acho que ela tem razão até”, contou Bolsonaro.

Em seguida explicou os motivos do choro: “O que me faz agir dessa maneira? Eu não sou mais um deputado. Se ele errar um voto, pode não influenciar em nada. Um voto em 513. Mas uma decisão minha mal tomada, muita gente sofre. Mexe na bolsa, no dólar, no preço do combustível”.

Este é o segundo grande encontro com evangélicos em pouco mais de duas semanas que o presidente participa. O grupo foi uma das principais bases eleitorais de Bolsonaro, no entanto, o apoio a seu governo vem diminuindo nos últimos meses entre os religiosos. A última pesquisa PoderData, divulgada também na quinta-feira, mostrou uma queda de 5 pontos percentuais na avaliação positiva do governo entre os evangélicos, passando de 50% em agosto para 45% em outubro. A reprovação neste período também cresceu de 34% para 37%.

No outro encontro que teve com evangélicos, Bolsonaro repetiu afirmações sobre a ‘minoria ter que se curvar à maioria’ e insinuou fraudes nas eleições.

Desta vez, além de admitir os episódios de choro no banheiro, o ex-capitão voltou a atacar Fernando Haddad (PT) pelo trabalho como ministro da Educação no governo Lula.

“Olha, aquele partido [PT] que esteve com o MEC [Ministério da Educação] entregue por 12 anos a uma pessoa [Fernando Haddad], que ficou para trás comigo no segundo turno. E hoje nós temos um pastor no MEC”, disse sob aplausos.

A pasta é um dos pontos que mais aproximam Jair Bolsonaro desta parcela de apoiadores que pretendem impor uma agenda conservadora alinhada aos interesses religiosos em escolas e universidades, além de abrir espaço para iniciativas lideradas por pastores, como o homeschooling.

No discurso, o presidente também voltou a mentir sobre a eficácia das vacinas e pregar contra medidas de isolamento social e também pregou ‘harmonia’ entre os Poderes, mas com o Executivo na frente.

“Eu jogo dentro das quatro linhas, mas também não podemos aceitar que nenhuma pessoa jogue fora das mesmas. Os três Poderes são independentes e harmônicos. O Legislativo é extremamente importante para fiscalizar o Executivo. O Judiciário da mesma maneira, para dirimir os conflitos. Mas o Executivo tem que estar na frente para tomar as decisões. A gente não pode o tempo todo ser tolhido, impedido, por qualquer coisa, de prosseguir na nossa missão”, explicou.

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