Política

A estratégia do governo Lula para contemplar aliados no segundo e terceiro escalão

Na mira dos partidos estão cargos da Codevasf, no Dnocs e no DNIT

Padilha e Lula. Foto: Sergio LIMA / AFP
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Integrantes da equipe de articulação política do governo Lula (PT) mudaram a forma de negociar os cargos do segundo e terceiro escalão e passaram a discutir as indicações para postos regionais importantes. Além de contemplar aliados, as tratativas têm o objetivo de atrair partidos da oposição, como PP e Republicanos.

Na mira das legendas estão as superintendências e outros cargos da Codevasf, a companhia responsável por obras hídricas em regiões do Norte e Nordeste, além do Departamento Nacional de Obras contra as Secas, o Dnocs, a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste e o DNIT.

A estratégia, desenhada pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, busca contemplar as indicações das bancadas. O problema é que nem sempre a bancada chega a um consenso e, nesses casos, o Planalto é chamado a resolver o impasse. É o caso, por exemplo, do comando da superintendência da Codevasf em Sergipe, alvo de uma disputa entre PT e União Brasil.

Enquanto o ex-deputado federal André Moura (União) tenta emplacar um aliado no cargo, o senador Rogério Carvalho (PT) briga para indicar o ex-presidente da legenda no estado, Sílvio Santos. O atual superintende da unidade é o engenheiro bolsonarista Marcos Alves Filho, sobrinho da ex-senadora Maria do Carmo (PP).

Padilha relatou a parlamentares que o Planalto vai analisar as indicações a partir desta semana. A demora, disse, seria de responsabilidade da Casa Civil, que precisa fazer um ‘pente fino’ nos currículos antes de aprová-los. No governo, ainda há uma preocupação em identificar bolsonaristas que estejam ocupando cargos estratégicos na estrutura federal.

Comandado pelo deputado Marcos Pereira, o Republicanos possui uma bancada de 42 deputados e quatro senadores. A executiva nacional da sigla decidiu, em reunião em novembro passado, que não faria oposição ao governo petista. “O partido seguirá mantendo o apoio às propostas que sejam positivas para a população brasileira”, afirmou o partido, à época.

A posição da legenda ligada à Igreja Universal, no entanto, não tem impedido que parlamentares articulem cargos regionais da estrutura do governo. Em Pernambuco, o deputado federal Silvio Costa Filho trabalha para emplacar um aliado no comando da Codevasf. Outro influente político da sigla, o deputado federal Gustinho Ribeiro, indicará o superintendente do Dnocs em Sergipe.

A aproximação de integrantes do partido é um gesto ao apoio do PT à indicação de Jhonatan de Jesus (Republicanos-RR) para uma vaga no Tribunal de Contas da União. No início do mês, o presidente do Republicanos sinalizou, em entrevista a CartaCapital, disposição em compor com o governo.

Outros partidos que se declaram independentes também são alvos da negociação do governo. Interlocutores do Planalto avaliam que “é questão de tempo” para o Podemos, legenda que abrigou o ex-procurador Deltan Dallagnol (PR) para a disputa por uma vaga na Câmara, integrar ao menos informalmente a base de apoio no Congresso.

Atualmente, o partido já emplacou indicados no segundo escalão do governo. É o caso de Thiago Milhim, nomeado para comandar a Secretaria Nacional de Esporte Amador, Educação, Lazer e Inclusão Social do Ministério do Esporte na última sexta-feira 24. Milhim é presidente do Podemos em São Paulo.

A presidente da sigla, Renata Abreu, também foi contemplada com uma diretoria do Grupo Executivo de Assistência Patronal, o Geap, que cuida dos planos de saúde dos servidores públicos.

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