Política
A derrota momentânea de Lira e Bolsonaro com a PEC Eleitoral, segundo a oposição
Decisão de adiar votação foi uma vitória para as bancadas que buscam retardar a tramitação


A decisão do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de adiar a votação da PEC Eleitoral para terça-feira 12 foi vista pela oposição como uma derrota do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do próprio deputado e uma vitória momentânea das bancadas que buscam retardar a tramitação.
Com 427 deputados no plenário nesta quinta-feira 7, Lira comunicou que “não arriscaria” a votação. Para uma PEC ser promulgada, ela precisa de, no mínimo, 308 votos na Câmara em dois turnos. No Senado, o texto foi aprovado.
“Foi uma desmoralização para o Lira”, afirmou a líder do PSOL, Sâmia Bomfim, a CartaCapital. “Ele fez várias manobras regimentais, mas não conseguiu garantir quórum da sua própria base. Terão que trabalhar muito para conseguir quórum na próxima semana”, avaliou.
O texto libera do teto de gastos 41,25 bilhões de reais até o fim do ano para a expansão do Auxílio Brasil e do vale-gás, a criação de auxílios a caminhoneiros e taxistas, o financiamento da gratuidade de transporte coletivo para idosos, a compensação a estados que concederem créditos tributários para o etanol e o reforço do programa Alimenta Brasil.
A fim de atropelar tentativas de prolongar os debates, o comando da Câmara apostou em sessões-relâmpago e na anexação da PEC Eleitoral a outra proposta já em tramitação.
“Ele não tinha segurança do placar, dependia dos votos do PT e da oposição, que questionam o caráter eleitoreiro e estado de emergência”, diz o deputado Rogério Correia (PT-MG). “Vai ter de prometer mais RP-9 [emendas do relator] e outras atrocidades”.
Na avaliação da oposição, no entanto, apesar do adiamento, a PEC deve ser aprovada na semana que vem. “Passa sem maiores dificuldades”, declarou Enio Verri (PT-PR).
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