48% dos brasileiros são favoráveis ao aborto em todos ou na maioria dos casos, diz pesquisa

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos aponta que 48% dos brasileiros são favoráveis ao aborto em todos, ou na maioria dos casos.

Apesar de significativa, a aceitação ao procedimento no País ainda está abaixo da média mundial, que fica em torno de 59%. Com isso, o Brasil ocupa o sexto menor índice de defesa a legalização do aborto, empatado com a China e atrás apenas da África do Sul, Colômbia, Índia, Malásia e Peru.

Os países europeus atingem o topo do índice. Na Suécia, 86% dos entrevistados afirmou ser a favor da interrupção da gestação. Os índices apontados pelo país sueco são acompanhados pela França, Bélgica, Holanda, Grã-Bretanha e Itália.

A pesquisa ‘Global Views on Abortion’, realizada no Brasil e em outros 26 países, mostra ainda que 75% dos brasileiros defendem a legalização do aborto em casos de estupro.

Esses números apontam que o Brasil segue a média mundial de apoio a interrupção da gestação em casos de violação, que registra 76%. 

Entre os entrevistados, 28,8% responderam achar que o aborto deve ser ilegal na maioria dos casos. Já outros 12,8% acreditam que o aborto deve ser ilegal em todos os casos. 

Outros 71% dos brasileiros também defendem o procedimento, além de casos gravidez decorrente de violação, quando a gestação coloca em risco a vida da mulher. 

No entanto, os índices favoráveis ao procedimento caem para 52% nos casos em que há probabilidade de a criança nascer com graves deficiências de desenvolvimento. 

Os índices de aprovação de legalização do aborto também recuam quanto mais avançado é o estágio da gestação. Pelo menos 52% dos entrevistados se diz favorável com a interrupção até a sexta semana de gravidez. O apoio cai para 42% após as 14 semanas e para 30% decorridas 20 semanas de gestação. 

A pesquisa também revela que 32% dos brasileiros defendem a penalização criminal da mulher que praticou um aborto. 

Conforme dados do Conselho Nacional de Justiça, somente em 2021, 411 processos foram instaurados para apurar crime de aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento. 

No entanto, a crença de que a responsabilização da mulher que aborta diminuiria o número de procedimento ilegais realizados no País é rechaçada por especialistas. 

Segundo a OMS, em todo o mundo são realizados cerca de 25 milhões de abortos inseguros por ano. 

Uma pesquisa de 2016 realizada pelo Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero e pela Universidade de Brasília (UnB) mostrou que em 2015, uma média de 1.300 mulheres realizaram aborto por dia, uma média de 57 procedimento por hora. Os dados sobre interrupção de gravidez no País são escassos. 

Ao longo dos anos, diversas empreitadas legislativas no Brasil tentaram descriminalizar o aborto no País. A maioria desses projetos, entretanto, foi arquivada ou teve sua tramitação interrompida. 

Por outro lado, outra dezena de projetos de lei sobre a proibição e restrição aborto avançam na Câmara e no Senado.