Vocês deixarão, jovens, que a privatização os torne desempregados?

O colunista Rui Daher oferece alguns conselhos às novas gerações

Foto: Mauro Pimentel/AFP

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Creio que não mais aqui estarei quando o Brasil recuperar dignidade e soberania internacionais, voltar os olhos para a pobreza interna extrema, entender a diversidade de gênero, raça e miséria. Resta-me, pois, pedir aos jovens entendimento, resistência e valorização de nossa cultura.

O País é formoso, abundante de recursos naturais, e preparado para melhor destino. Durante os séculos apresentou ao mundo homens e mulheres de fartos conhecimentos em todos os setores da atividade e do pensamento humanos. Precisa, apenas, que vocês, esperança, releiam nossa história, descansem, tomem fôlego, e passem à reflexão.

Quando voltarem dessa viagem, talvez, peçam-me para repetir a mesma escrita que faço há 15 anos. Topo. Para isso preservo vida e missão.

Não se impressionem com o desgraçado momento bolsonarista. Na espreita, a essência do Acordo Secular de Elites nunca foi diferente. Apenas mais verniz e savoir faire. Hienas aguardando para usufruir vantagens passadas, presentes e futuras.

A alienação de patrimônio nacional para benefício próprio é o alvo que sustenta o Regente Insano Primeiro.


O caso da Caixa Econômica Federal, esquartejada em seus núcleos mais lucrativos, é emblemático. Lutem para defender seus valorosos funcionários, de papel tão significativo para atender filas de pessoas a receberem o auxílio e pequenas e médias empresas, até aqui sobreviventes, por ação da CEF e seus valorosos funcionários. 

Deixarão que a privatização os torne desempregados? Na década de 1960, fui à luta pela criação da Petrobras. Façam o mesmo.

Geração, a nossa, acompanhada por heróis que entenderam o melhor caminho, e todos hoje pertencentes ao Conselho Celestial do “Dominó de Botequim”: Darcy Ribeiro, Ariano Suassuna, Melodia, Alfredinho, Beth e Maradona.

O Brasil bolsonarista precisa renascer pela cultura, que pelo exposto nunca acontecerá, tão crassa e evidente a ignorância.

Em termos agrícolas, as commodities já o fizeram. Principalmente, pela soja e demais grãos e carnes. Acompanham-nos, frutas, sucos e lácteos.

Parece-me que só, enquanto o dólar assim se mantiver, o que não será improvável, enquanto estivermos à deriva com Posto “Guedes” Ipiranga.

Querem números? Não os dou. Evito deixá-los assustados com o que é um período de estagflação, como o atual, promovido por Paulo Guedes, esquecido ser o último dos Chicago Boys.

A permanência do sistema econômico capitalista, se quiser que seja em regime democrático, depende de menos selvageria e financeirização. 

Que promovam programas distributivos, preservem o meio ambiente e a diversidade, caso contrário, aguardem próxima a conflagração. Sei que não a temem. Nas passadas, hegemonias e riquezas foram assim conquistadas.

Ganharão, por certo, se bélicas forem, mas à custa de bilhões de vidas, em pestes, mudanças climáticas deletérias, doenças surpreendentes, afetações psicológicas, atentados suicidas. 

Muito mais. É o que querem? Então, não parem de usufruir de suas meritocracias (?) e que se danem com suas conquistas.

São indeterminados bilhões de anos até aqui apostando em supremacias. Que os bem postados assim apostem e ajam. 


Mas, favorzinho, por Deus (qual deles?) ou pela ciência? Usem a consciência mais do que a ganância. Vocês, filhos e netos, um dia, irão para alguma Estação, celeste ou não.

Leitores e leitoras, poucos, confirmo, desde Pero Vaz de Caminha, quando reportou a Lisboa, que em se plantando sementinhas cá nascem alimentos para a sobrevivência humana e animal. 

Se, preguiçosamente, não o fizermos, a natureza se encarregará de fazê-lo. De forma artificial, a pior, ou a ideal, aquela natural.

Conto com vocês.

Inté.  

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