Alberto Villas
[email protected]Jornalista e escritor, edita a newsletter 'O Sol' e está escrevendo o livro 'O ano em que você nasceu'
O agricultor tem medo de perder a safra e o cronista tem medo do deadline
O gaúcho tem medo de a água subir.
A mocinha tem medo de andar à noite, sozinha.
O pedreiro tem medo de a casa cair.
O operário do ABC tem medo de perder o emprego.
A mãe tem medo de o bebê sufocar.
O motorista tem medo de bater.
A caixa do banco tem medo de errar.
A cozinheira tem medo de o arroz queimar.
O porteiro tem medo de o ladrão chegar.
O jornalista tem medo de entrar ao vivo.
O pintor tem medo de se intoxicar.
O nordestino tem medo da seca.
O paciente tem medo do câncer.
O atleta tem medo de perder a medalha.
O comerciante tem medo de a luz acabar e o seu sorvete derreter.
O revisor tem medo da gramática.
O político tem medo de não se reeleger.
O assalariado tem medo de investir.
O sovina tem medo de gastar.
O cantor tem medo de a voz falhar.
O ator tem medo de esquecer o texto.
O engenheiro tem medo de a ponte cair.
A adolescente tem medo de engravidar.
A moça do sanduíche tem medo de não vender.
O morador tem medo de o elevador enguiçar.
O idoso tem medo de escorregar.
O menino tem medo de mergulhar.
O ricaço tem medo de avião.
O bebê tem medo de injeção.
O humorista tem medo de perder a graça.
O escritor tem medo de se perder no texto.
A passadeira tem medo de choque.
O pedestre tem medo de roubarem o seu celular.
O candidato tem medo de perder a hora.
A avó tem medo da escuridão.
O agricultor tem medo de perder a safra.
O cronista tem medo do deadline.
Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.
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