Alberto Villas

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Jornalista e escritor, edita a newsletter 'O Sol' e está escrevendo o livro 'O ano em que você nasceu'

Opinião

Você tem medo de quê?

O agricultor tem medo de perder a safra e o cronista tem medo do deadline

O Grito, Edvard Munch. Imagem: Domínio público
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O gaúcho tem medo de a água subir.

A mocinha tem medo de andar à noite, sozinha.

O pedreiro tem medo de a casa cair.

O operário do ABC tem medo de perder o emprego.

A mãe tem medo de o bebê sufocar.

O motorista tem medo de bater.

A caixa do banco tem medo de errar.

A cozinheira tem medo de o arroz queimar.

O porteiro tem medo de o ladrão chegar.

O jornalista tem medo de entrar ao vivo.

O pintor tem medo de se intoxicar.

O nordestino tem medo da seca.

O paciente tem medo do câncer.

O atleta tem medo de perder a medalha.

O comerciante tem medo de a luz acabar e o seu sorvete derreter.

O revisor tem medo da gramática.

O político tem medo de não se reeleger.

O assalariado tem medo de investir.

O sovina tem medo de gastar.

O cantor tem medo de a voz falhar.

O ator tem medo de esquecer o texto.

O engenheiro tem medo de a ponte cair.

A adolescente tem medo de engravidar.

A moça do sanduíche tem medo de não vender.

O morador tem medo de o elevador enguiçar.

O idoso tem medo de escorregar.

O menino tem medo de mergulhar.

O ricaço tem medo de avião.

O bebê tem medo de injeção.

O humorista tem medo de perder a graça.

O escritor tem medo de se perder no texto.

A passadeira tem medo de choque.

O pedestre tem medo de roubarem o seu celular.

O candidato tem medo de perder a hora.

A avó tem medo da escuridão.

O agricultor tem medo de perder a safra.

O cronista tem medo do deadline.

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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