Quero iniciar esta coluna apresentando minhas homenagens, meu reconhecimento e profundo respeito à líder quilombola Bernadete Pacífico, a Mãe Bernadete, alvo de um crime brutal e cruel, que envergonha, revolta e entristece todas e todos que se comprometem com a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e cidadã. A violência sem limites, que invariavelmente tem como alvo principal a população negra, usurpa os nossos direitos básicos e inalienáveis, transformando pessoas em seres descartáveis, ceifando a vida de jovens e crianças inocentes e provocando um sentimento de asfixia e angústia que parece não ter fim.
Não é possível permanecermos indiferentes às mães condenadas a viver com o luto e a dor insuportável de terem seus filhos e filhas arrancados de seus braços pela violência seletiva, que mata as crianças pretas dentro dos seus lares, sentadas na porta de casa, na rua, na escola. O inconformismo de viver em um país que insiste em desconsiderar a nossa humanidade precisa se traduzir em uma grande iniciativa ou um grande movimento pela vida e pela dignidade da população negra.
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