O último bastião de Bolsonaro

O simbolismo da prisão do ex-ministro Milton Ribeiro é devastador para o marketing bolsonarista e suas manobras de distração no debate eleitoral

Imagem: Casa Civil/PR, Fernando Frazão/BR e Luis Fortes/MEC

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A prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro representa uma tragédia simbólica para o bolsonarismo muito maior do que o fato em si. A troca de recursos públicos por barras de ouro, mediada por pastores em um gabinete improvisado num hotel de Brasília, seria por si só um fato suficientemente escandaloso. Assim como outros tantos casos de corrupção nos últimos quatro anos: superfaturamento de tratores com dinheiro do orçamento secreto, propina para a compra de vacinas na pandemia, gastos inexplicáveis com o cartão corporativo da presidência etc. Sem falar nos escândalos familiares, como a “rachadinha” dos filhos, a mansão de 6 milhões de ­reais ou o cheque de 89 mil do miliciano Fabrício Queiroz à primeira-dama. (Nota da redação: Na quinta-feira 23, a Justiça mandou soltar o ex-ministro).

Até aqui não havia, porém, uma prisão de alguém do alto escalão bolsonarista. E a máquina de propaganda do governo conseguia tratar, ao menos para os convertidos, os vários escândalos como se fossem fake news ou acusações infundadas. A prisão de Ribeiro, por quem Bolsonaro disse que colocaria “a cara no fogo” após as acusações, tem um efeito simbólico capaz de criar fissuras na sua própria base e desmoralizar o último discurso que o bolsonarismo conseguia repetir, mesmo que de forma fraudulenta: o governo de quatro anos sem corrupção, o histriônico “quero ver me chamar de corrupto” e todo o blablablá furado sobre a honestidade de um presidente miliciano. Isso não era pouca coisa para o discurso moral bolsonarista.

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