Justiça

Novos depósitos: Queiroz e esposa repassaram 89 mil reais para Michelle Bolsonaro

MPF diz que ex-assessor de Flávio Bolsonaro tinha ‘estranhas movimentações bancárias’ e obstruiu investigação

Márcia Aguiar e Fabrício Queiroz — Foto: Reprodução/GloboNews Márcia Aguiar e Fabrício Queiroz — Foto: Reprodução/GloboNews
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Não foi só Fabrício Queiroz que fez depósitos na conta de Michelle Bolsonaro, como revelou na revista Crusoé na última sexta-feira 7. De acordo com a TV Globo, a esposa do ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), Márcia Aguiar, também repassou quantias à primeira-dama.

Queiroz, de acordo com extratos bancários em poder do Ministério Público, depositou 21 cheques, entre 2011 e 2016, na conta de Michelle. Já Márcia teria repassado cinco cheques. Ao todo, na conta da primeira-dama entraram 89 mil reais a partir de depósitos do casal.

Os dados dos repasses desmentem a versão do presidente Jair Bolsonaro sobre um cheque de 24 mil reais que, supostamente, era fruto de um empréstimo. Não há nenhum sinal na conta bancária de Queiroz de que ele tenha recebido dinheiro do presidente antes disso, o que configuraria o empréstimo.

Queiroz é acusado de ser um dos operadores de um esquema de rachadinha no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro. Os rendimentos do ex-policial militar e ex-funcionário da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) mostram incompatibilidade com sua renda: entre 2007 e 2018, foram identificados 6,2 milhões de reais registrados na conta do ex-assessor, sendo que os valores referentes a rendimentos são de 1,6 milhão.

Também foram identificados pagamentos depositados na conta da esposa de Flávio Bolsonaro, Fernanda, que totalizariam 25 mil reais.

 

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), que conduz as investigações, identificou que Queiroz também recebia e realizava depósitos para Adriano da Nóbrega, ex-PM que foi morto na Bahia no começo do ano e que é apontado como miliciano-chefe do Escritório do Crime.

O ex-assessor cumpre prisão domiciliar com sua esposa, Márcia Aguiar, após ter sido beneficiado com decisão do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio de Noronha.

MPF quer nova prisão

O subprocurador-geral da República Roberto Luís Oppermann Thomé apontou, em manifestação ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), a existência de indícios de crimes cometidos por Queiroz no papel de “operador financeiro” do gabinete de Flávio Bolsonaro, à época deputado estadual.

Em manifestação destinada ao ministro Félix Fischer, relator do habeas corpus de Queiroz, o subprocurador afirmou que o ex-assessor possuía “estranhas movimentações bancárias” e tentou atrapalhar as investigações. A informação é do jornal O Globo.

Na sexta-feira 7, Thomé apresentou novo pedido ao STJ reafirmando seus argumentos e pedindo novamente que a liminar de Noronha seja revertida.

“Ilações e suposições não é bem o que se mostra quando se verificam indícios de influência e contatos do ora paciente Fabrício José Carlos de Queiroz com milicianos, sendo instado a resolver problemas como o de sócio de outro investigado que mostra mensagens com ameaças de ‘enforcado com línguas’; ligações de familiares com alusão a seu poder de influência mesmo de dentro da cadeia; declarações de endereço e hospedagem falaciosos; desaparecimento a ponto de virar meme o mote ‘Onde está o Queiroz?’, desaparição de sua companheira e foragida paciente, estranhas contabilidade e movimentações bancárias, relacionamentos familiares concomitantes com exercício de cargos públicos comissionados, patrimônio a descoberto, em síntese, um conjunto de circunstâncias que se (ainda) não configuram prova suficiente a formação de eventual opinio delicti, demandam de parte do Ministério Público e do Poder Judiciário a atenção devida à busca da verdade real”, escreveu o subprocurador em seu parecer.

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