Opinião
O sangue como mercadoria
Uma PEC em trâmite no Senado prevê que a iniciativa privada volte a coletar e processar o plasma humano e os hemoderivados
Em 1984, quando comecei a realizar meus primeiros plantões em pronto-socorro, ainda como estudante de Medicina, deparei-me com uma realidade que me chocou profundamente.
Pacientes eram atendidos na emergência, com quadro de anemia aguda, motivado por sucessivas doações de sangue. Chegavam em situação gravíssima, após doações diárias. Alguns tinham feito várias em um mesmo dia. Eram pessoas pobres, em situação de desespero, que vendiam seu sangue em troca de alguns trocados, um sanduíche e um copo de suco adocicado.
Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.
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