Opinião

O fim de seis anos de governos ilegítimos (Temer e Bolsonaro) aproxima-se

A sociedade brasileira reage às mentiras e ao golpe

Jair Bolsonaro e Michel Temer. Foto: Mauro Pimentel/AFP
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“Nada pode tornar a alma de uma pessoa mais suave do que a compreensão de sua própria culpa, e nada pode tornar um indivíduo mais duro do que o desejo de estar sempre certo.” – O Talmude.

O Brasil ingressa na campanha política e o fim de seis anos de governos ilegítimos aproxima-se.

A sociedade brasileira reage às mentiras e ao golpe.

Uma das novidades é a Coalizão para a Defesa das Eleições, que reúne desde a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), a Associação Juízes para a Democracia (AJD), as principais centrais sindicais, até organizações de cunho religioso como a Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP), da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e o Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC).

São várias as ações, muito interessantes, que a Coalizão tem empreendido, em defesa de uma campanha e de um pleito democrático.

O ato mais recente da Coalizão foi a entrada com notícia crime no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o grupo de empresários que vinham tramando golpe por uma rede social, caso Lula venha a ser vitorioso.

A Coalizão, dessa forma, tem aglutinando a sociedade civil organizada e, dessa maneira, coordena a reação aos ataques à democracia, perpetrados pelos fascistas locais.

Nesse sentido, encarna o título do novo livro de Guilherme Boulos “Sem medo do futuro” (editora Contracorrente).

Ótimo intérprete da realidade nacional, Boulos, naquela obra, corretamente nota: “Muitas vezes, o que move nossas escolhas são vivências e sentimentos – de revolta, solidariedade, esperança – mais do que planos racionais que fazemos.”

Uma visão gramsciniana da política, que se verifica, por exemplo, no apoio que setores evangélicos ainda prestam ao projeto genocida do atual desgoverno.

A fé, manipulada, sobrepõe-se aos interesses econômicos, sociais e até mesmo da própria sobrevivência, tendo em vista o desastre ambiental em que o miliciano mergulhou o Brasil e o mundo.

Em outra passagem, Boulos observa: “A pandemia desmascarou, por exemplo, o mito da onipotência do ‘deus mercado’. Em editorial publicado em abril de 2020, o ‘Finantial Times‘ conhecido por ser o jornal de Wall Street, admitiu que é preciso rever a carta branca dada ao mercado. Entre outras coisas, o editorial dos banqueiros diz o seguinte: ‘Reformas radicais – invertendo a direção política predominante das últimas quatro décadas – precisarão ser colocadas na mesa. Os governos terão de aceitar um papel mais ativo na economia. Eles devem ver os serviços públicos como investimento, e não como passivo, e procurar maneiras de tornar o mercado de trabalho menos inseguro. A redistribuição estará novamente na agenda.”

Pena que o atual ministro da economia, ilegítimo, até possa ler em inglês, mas, infelizmente, não consiga entender.

Representante das corporações transnacionais, Guedes é explicado na passagem seguinte daquele volume: ‘As corporações, no entanto, não se contentaram com a liberdade de se apropriarem dos recursos públicos. Quiseram também avançar sem limites nem regulações sobre os recursos naturais. Desse modo, nos últimos quarenta anos, registramos uma alta sem precedentes em desmatamento, espécies extintas ou à beira de extinção, emissão de gases de efeito estufa e mudanças climáticas.”

Importa notar que esse quadro tem por pano de fundo o domínio indiscriminado das finanças, das quais o tchutchuca da banca é ínclito representante.

Em “Não matem o futuro dos jovens” (editora Dalai), Don Andrea Gallo aponta: “A economia não conta mais, quem comanda é a finança. Ou melhor, a especulação. ‘O problema central desta crise é que existe um poder, o financeiro, totalmente fora de controle. Não existe um sistema político internacional em condições de limitá-lo’: notem que a dizê-lo não sou eu, mas o senhor Zygmunt Bauman, 86 anos, polonês inglês sociólogo da sociedade líquida. Ou seja, aquele tipo de sociedade nascida nos Estados Unidos, que, não tendo mais pontos de referência sólidos em torno dos quais se estruturar, como, por exemplo, o emprego formal, tornou-se líquida. Como o mar. E o mar, sabemos, sempre pode parir tempestades terrificantes…A quem, depois do verão escaldante de 2011, perguntou-lhe se estamos fadados ao colapso e à pobreza global, Bauman respondeu com franqueza desarmante: ‘Não sei. Sei que a minha geração, diante da crise do sistema, perguntava-se uma coisa simples: o que devemos fazer? Agora, a pergunta a se fazer é outra, e no momento não tenho resposta: a quem devemos nos dirigir para parar a máquina? A globalização se move sem política. Necessita de rapidez. Detesta os vínculos. Um pouco como a criminalidade. As regras são um obstáculo. Por isso, os mercados mais prósperos no mundo são os criminosos e os financeiros. Não importa se sujos ou limpos. Não conduz à reflexão? Há uma crise de valores fundamentais. A única coisa que conta é o crescimento do PIB. E quando, o mercado estanca, a sociedade é bloqueada.”

Vale notar que a liquidez da sociedade global está levando à própria morte do planeta e de seus habitantes: estudo recente demonstra que a temperatura do Ártico aumentou 400%, podendo acarretar elevação do nível dos mares de até 60 metros.

Por fim, Gallo cita o economista torinês Luciano Gallino, demonstrando que mesmo o centro do sistema capitalista não está imune ao desastre: “Nos últimos 50 anos, o modelo social europeu melhorou a qualidade de vida de dezenas de milhões de pessoas e lhes permitiu acreditar que o destino dos filhos seria melhor do que dos genitores. Ora, o modelo social europeu esteve sob ataque por parte da própria Europa.’ Há, portanto, uma contrarrevolução de tipo neoliberal que desagrega o trabalho e a própria sociedade.”

Que 2 de outubro traga um modelo de vida e o fim do necrodesgoverno no Brasil e no mundo!

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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