Opinião

Não temam fardas ou milícias. É hora, pois, de voltar a sorrir

Os que não estiverem gostando, esperem quatro anos, procurem um novo mito

Jair Bolsonaro. Foto: Mauro Pimentel/AFP
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Depois de o Brasil ter passado quatro anos governado por um homem desclassificado para dar rumos de Nação ao Território, constantes ataques ao Estado Democrático de Direito, no dia trinta de outubro ele foi derrotado nas urnas. Inexoravelmente.

Só que não.

Fazendo-se de um pele-vermelha norte-americano inescrupuloso, mas com fortuna pessoal e natural de país rico e dominador, primeiro, recolheu-se à quietude de sabor maligno e, covardemente, aquietou-se, na esperança de que seus asseclas, entre os quais as silentes Forças Armadas, o ajudassem a não cair em seus estertores.

Só que não.

Chego a pensar que elas, as Forças Armadas, é que têm medo dele, e não o contrário. Hipótese: sua alma demoníaca que não poderia se sobrepor a todas as casernas. Os leitores sabem o quanto é difícil escolher e seguir a carreira militar. A não ser que logo você se insurja contra os salários pagos, provoque uma rebelião no quartel, seja indiciado, e se mande para o campo político e nele obtenha a remuneração que sua família ache de direito.

Só que sim. É como passará seus próximos quase 30 anos.

Divagou entre seu narcisismo, seus puxa-sacos, a matilha religiosa que o venera como mito para um grupo de donos de transportadores e inadvertidos caminhoneiros, massa de manobra, que não perceberam o escandaloso truque do preço do diesel eleitoreiro.

Eles, trabalhadores de árduo cotidiano e importantes motores para o desenvolvimento do País, apenas eles, estão perdendo dinheiro e sacrificando a sociedade e a população em nome de um político inescrupuloso.

Só que não.

Primeiro cheguei a pensar ter sido aconselhado pela penca ruralista que o acompanha no apoio, pior, sem saber por quê. Mas esses sabem como é transportada a safra que produzem e comercializam. Sabem que não é através de modernas ferrovias, hidrovias ou mísseis norte-coreanos. Desculpem, mentirei a mim mesmo: seriam estúpidos!

Os evangélicos? Deixariam eles o quentinho de seus templos religiosos para, em afã político, entregarem seus dízimos para esperar sinais de saúde e finanças?

Só que não.

Provável, o Regente Insano Primeiro (RIP) ter consultado a História e ver-se um Leonel Brizola (1922-2004), em 1964, querendo convencer-nos de que seus “grupos dos onze” estavam armados para resistir à ditadura militar.

Risos. Tivemos que aguentar 21 anos de ditadura, muitos familiares e amigos serem assassinados, até que o rolo compressor da democracia os defenestrasse e deixasse algumas viúvas para Bolsonaro curtir vaidade de um “imbrochável”.

É hora, pois, de voltar a sorrir. Não temam fardas ou milícias. Voltamos a ser iguais à maior parte dos países do planeta: democratas ou daqueles que logo terão que ser. Apenas teremos de, junto com as futuras gerações, garantir que ela seja social, sem grandes diferenças de renda e direitos cidadãos. Somos iguais.

E com a Copa do Catar a bandeira brasileira, o hino, o Carnaval, o horário de verão, a cachaça, o samba, Paulo Freire, Chico Buarque, Gil, a inteligência, o meio ambiente, o Nordeste revolucionário e tantos outros nossos tesouros voltaram a ser nossos.

Os que não estiverem gostando, esperem quatro anos, procurem um novo mito. Enrolem-se em uma nova bandeira da ultradireita – quem sabe uma que os lembre a suástica nazista ou a careca enforcada de Mussolini.

Inté! A banda da esquerda vai passar.

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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