Randolfe Rodrigues

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É senador pela Rede/AP, professor, graduado em História, bacharel em Direito e mestre em Políticas Públicas.

Opinião

Lições de um ano de pandemia

‘Todas as nossas esperanças se voltam para a vacinação, tema em que a União cometeu todos os erros possíveis’, escreve Randolfe Rodrigues

Nelson Sargento é vacinado contra covid-19, no Rio (Foto: Divulgação/Prefeitura do Rio)
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A pandemia completou um ano desde sua definição pela OMS, coincidindo com os piores níveis de disseminação de casos e mortes, com mais uma troca de Ministro da Saúde e nenhum indício de mudança na forma equivocada e ineficiente com que o governo federal tem conduzido o enfrentamento ao coronavírus.

A tragédia da pandemia tem demonstrado que a eficácia em seu combate pode ser resumida a quatro grandes aspectos de atuação: isolamento social; fortalecimento do sistema da saúde público; apoio às pessoas vulneráveis e segmentos econômicos e, principalmente, esforço concentrado na aquisição e vacinação da população, notadamente dos grupos de risco. Claro que essas medidas teriam que ser coordenadas pelo governo federal que, até aqui, falhou em todas elas.

As medidas de isolamento social, aí incluídas o uso de máscara, a higienização das mãos, distanciamento e inibição de aglomeração, inclusive com restrições nos momentos de pico de contaminação, revelaram-se como adequadas no sentido de conter a disseminação do vírus. É lamentável que tais procedimentos tenham sido sistematicamente combatidos pelo governo, que deveria ser o mais empenhado em fazê-los darem certo.

Quanto ao segundo aspecto observamos que, no primeiro momento, houve forte empenho para reforçar a infraestrutura de saúde, ampliando a quantidade de leitos, equipamentos e pessoal. Entretanto, boa parte foi desativada nos últimos meses do ano passado e não há indícios que deverá ser reestruturada nesse que é o pior momento da crise sanitária.

No tocante ao apoio financeiro, no ano passado 68 milhões de compatriotas receberam parcelas mensais de 600 ou 1.200 reais do auxílio emergencial, que movimentou aproximadamente 300 bilhões de reais e garantiu o mínimo necessário para a sobrevivência. Some-se ao auxílio os programas de apoio e crédito a setores econômicos afetados.

Tais suportes foram fundamentais para a população carente e impediram que a retração da economia fosse ainda maior do que a queda de 4,1% no PIB. Infelizmente, também neste aspecto, as medidas para esse ano se revelam muito aquém do que seria necessário para fazer frente ao recrudescimento da pandemia, pois o atual auxílio proposto deverá ser de algo em torno de R$ 150 a R$ 200, além de ser bem menor a quantidade de beneficiados.

Assim, todas as nossas esperanças se voltam para a vacinação, tema em que a União cometeu todos os erros possíveis, como desacreditar a eficácia da vacina, ignorar o oferecimento da Pfizer no ano passado para a compra de 70 milhões de doses e apostar todas as fichas em uma única solução.

Não fosse a parceria Sinovac com o Instituto Butantan, praticamente não teríamos quase nada de vacinação até hoje, pois a Coronovac corresponde a mais de 70% das poucas doses aplicadas no Brasil.

São mais de duzentas vacinas em desenvolvimento no mundo, mas apenas três estão aprovadas para aplicação no Brasil: AstraZeneca, CoronaVac e Pfizer. Em fase avançada de aprovação estão a Janssen e a Sputnik. Com a lei 14.124/21, que tive a honra de relatar no Senado Federal, são agilizadas a liberação das vacinas, normatizadas as
responsabilidades e liberadas as aquisições de imunizantes para Estados, municípios e iniciativa privada, que atuarão de forma complementar ao Programa Nacional de Imunização.

A vacinação tem se mostrado eficiente com nítida redução de casos nas faixas etárias imunizadas e nos países com maiores índices de aplicação de doses. É interessante observar que a vacina estimula as pessoas a pensar primeiro no seu próximo e na coletividade, mantendo as regras de proteção e distanciamento, uma vez que mesmo imunizadas ainda podem ser transmissoras do vírus.

Um ano de pandemia, no repique mais grave da crise, ainda temos muito por fazer e obstáculos a superar. Mas mantemos a fé e trabalhamos incansavelmente para alcançarmos padrões de imunização que nos permita comemorar e nos abraçarmos novamente!

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