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Ucrânia pede conversa direta entre Zelensky e Putin; Rússia anuncia corredores humanitários

‘Nosso presidente não tem medo de nada, incluindo um encontro direto com Putin’, disse o chanceler ucraniano

Volodymyr Zelensky e Vladimir Putin. Fotos: STR/Ukrainian Presidential Press Service/AFP e Sergei Guneyev/Sputnik/AFP
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A Ucrânia reforçou nesta segunda-feira 7 a sugestão de que os presidentes Volodymyr Zelensky e Vladimir Putin se reúnam para conversas diretas, o que representaria uma mudança nas atuais estratégias de negociação, baseadas em diálogos de delegações.

“Há muito tempo queremos uma conversa direta entre o presidente da Ucrânia e Vladimir Putin, porque todos entendemos que é ele quem toma as decisões finais, especialmente agora”, disse o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, em pronunciamento na televisão.

“Nosso presidente não tem medo de nada, incluindo um encontro direto com Putin”, acrescentou Kuleba. “Se Putin também não está com medo, deixe-o ir à reunião, deixe-os sentar e conversar.”

Corredores humanitários

Rússia anunciou um estado de cessar-fogo para a saída de civis das cidades ucranianas de Kiev, Kharkov, Chernigov, Sumy e Mariupol. A interrupção nos ataques deve ocorrer nesta terça-feira 8, às 10h pelo horário de Moscou (4h de Brasília), segundo o comunicado.

A operação se dará por meio de corredores humanitários que levarão a população a Belarus e Rússia. Essas rotas são duramente criticadas por autoridades ucranianas.

Segundo o governo russo, a Ucrânia deve garantir a segurança nas rotas. Os representantes de Moscou acusam Kiev de colaborar com a sabotagem dos corredores humanitários por meio de grupos de extrema-direita.

O presidente da França, Emmanuel Macron, classificou a solução dos corredores humanitários como cínica, porque eles levarão os civis ucranianos a territórios considerados como adversários do país.

Nesta segunda, delegações de Rússia e Ucrânia realizaram a terceira rodada de negociações desde que o presidente Vladimir Putin iniciou a invasão, em 24 de fevereiro. As conversas ocorreram na fronteira entre Belarus e Polônia.

O Kremlin diz estar disposto a interromper a operação, desde que a Ucrânia se comprometa com diferentes reivindicações, como garantir em sua Constituição que não ingressará na Organização do Tratado do Atlântico Norte, a Otan, aliança militar de 30 países liderada pelos Estados Unidos.

Moscou também quer que Kiev reconheça a Crimeia como território russo e declare Donetsk e Lugansk como repúblicas independentes.

Por causa das exigências da Rússia, a Ucrânia diz que houve “pequenos avanços” nas negociações.

Zelensky acusa forças russas de terem feito fracassar a evacuação de civis

Zelensky acusou, nesta segunda, o exército russo de ter feito fracassar a evacuação de civis pelos corredores humanitários,

“Houve um acordo sobre os corredores humanitários. Funcionou? Em seu lugar houve tanques russos, Grads russos [lança-foguetes], minas russas”, disse Zelensky em um vídeo publicado no Telegram.

O presidente ucraniano acusou as forças russas de “minar a rota acordada para levar comida e remédios” para a cidade sitiada de Mariupol, no sul da Ucrânia, e “destruir ônibus” que fariam a evacuação de civis das zonas de combate.

“Eles garantem que um pequeno corredor seja aberto para o território ocupado, para algumas dezenas de pessoas. Não tanto para a Rússia, mas para os propagandistas, diretamente para as câmeras de televisão”, acrescentou Zelensky, acusando Moscou de “cinismo”.

O líder ucraniano indicou, no entanto, que Kiev continuaria negociando com a Rússia para chegar a um acordo de paz. “Fico aqui, fico em Kiev (…), não tenho medo.”

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