Mundo
Suspeito de ser espião russo não será extraditado, diz Flávio Dino
Sergey Cherkasov foi preso no ano passado pela Polícia Federal em São Paulo por falsificação de documentos
Sergey Vladimirovich Cherkasov, homem apontado como um possível espião russo preso no Brasil, não será extraditado. A informação foi publicada nesta quinta-feira 27 pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, em um perfil na rede social.
De acordo com Dino, a decisão de manter Cherkasov no Brasil se dá após uma análise técnica do ministério sobre dois pedidos, um dos Estados Unidos e outro da Rússia. A rejeição da extradição, argumenta Dino, estaria embasada pela lei.
“Esclareço que o parecer técnico do Ministério da Justiça, acerca de dois pedidos de extradição, está embasado em Tratados e na Lei 13.445/2017. No momento, o citado cidadão permanecerá preso no Brasil”, informou Dino na publicação.
Quanto ao cidadão russo SERGUEI VLADIMIROVICH CHERKASOV, esclareço que o parecer técnico do Ministério da Justiça, acerca de dois pedidos de extradição, está embasado em Tratados e na Lei 13.445/2017. No momento, o citado cidadão permanecerá preso no Brasil.
— Flávio Dino 🇧🇷 (@FlavioDino) July 27, 2023
Recentemente, Sergey Cherkasov teve um pedido de liberdade negado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). A defesa argumentava que ele não apresenta risco à sociedade e, por isso, poderia aguardar o julgamento da apelação no Tribunal Regional Federal da 3ª Região contra sua condenação em liberdade.
Segundo a presidente do STJ, Maria Thereza de Assis Moura, a análise de um possível excesso de prazo tem de levar em conta os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, considerando-se as particularidades do caso. O pedido de habeas corpus ainda será votado em plenário.
Cherkasov está preso desde o ano passado, quando tentou usar um documento falso no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Ele é investigado por atos de espionagem, lavagem de dinheiro e corrupção e atualmente está em um presídio de segurança máxima, em Brasília. A Holanda foi quem primeiro apontou a possibilidade de que ele atuava como um espião russo. O país europeu havia impedido o homem de se infiltrar no Tribunal Penal Internacional, em Haia. A Rússia é acusada pelo TPI por crimes contra a humanidade durante a guerra na Ucrânia.
Segundo o Ministério Público Federal, o russo chegou ao Brasil ainda em 2010 e fingia ser brasileiro. Ele usava documentos falsos com o nome de Victor Muller Ferreira e, de acordo com informações holandesas, trabalharia para o GRU, uma unidade de inteligência militar da Defesa russa.
A extradição de Sergey é alvo de disputa entre os governos dos Estados Unidos e da Rússia. A gestão de Putin solicita o envio do preso para o país, pois ele estaria sendo procurado por tráfico de drogas. Joe Biden, por sua vez, teria o objetivo de usar Cherkasov em uma negociação de troca de presos. A informação, neste caso, é do jornal The Wall Street Journal.
De acordo com a publicação, a extradição seria uma tentativa de acordo entre Biden e Putin a fim de libertar Evan Gershkovich, repórter norte-americano do jornal preso em abril deste ano na Rússia, e Paul Whelan, detido em 2018. Ambos foram presos sob a alegação de espionagem.
Um minuto, por favor…
O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.
Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.
Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.
Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.
Assine a edição semanal da revista;
Ou contribua, com o quanto puder.