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Soldados israelenses zombam da destruição em Gaza e Defesa pede ‘profissionalismo’

Alerta interno também chama a atenção para a necessidade de ‘não usar a força onde ela não é necessária’

Vídeo filmado nos arredores de Khan Younis, no sul de Gaza, no início de janeiro, obtido pelo 'New York Times' (Reprodução/NYT)
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Quase quatro meses dias após a eclosão do violento conflito na Faixa de Gaza, as Forças de Defesa de Israel – IDF, na sigla em inglês – parecem finalmente admitir preocupação com a gravação de zombarias por parte de seus soldados envolvidos nos ataques.

Desde 7 de outubro, dia em que militantes do Hamas invadiram o território israelense e deixaram mais de 1,1 mil mortos, a ofensiva terrestre e aérea de Israel contra o enclave palestino matou cerca de 30 mil pessoas, em sua maioria mulheres, adolescentes e crianças, segundo o Ministério da Saúde local.

Em um documento revelado nesta terça-feira 20 pelo jornal The Times of Israel, o chefe do Estado-Maior, Herzi Halevi, alertou as tropas que o Exército israelense não grave “vídeos de vingança” ou carregue consigo itens encontrados durantes as ações

“Devemos ter cuidado para não usar a força onde ela não é necessária, para marcar a diferença com os terroristas, para não levar nada que não seja nosso – um souvenir ou armas – e para não gravar vídeos de vingança”, escreveu o militar. “Cada movimento é muito importante, cada conquista local faz parte da realização dos objectivos da guerra. Façam isso com determinação e profissionalismo.”

O documento vem à tona 14 dias depois de o New York Times publicar uma reportagem intitulada O que vídeos de soldados israelenses revelam: ode à destruição e zombaria com os cidadãos de Gaza.

Entre as gravações obtidas e verificadas pelo jornal norte-americano estão registros de soldados vandalizando lojas e salas de aula, proferindo comentários depreciativos sobre os palestinos, destruindo o que parecem ser áreas civis e defendendo a construção de assentamentos em Gaza – música para os ouvidos da extrema-direita no poder em Israel.

A conduta viola normas da própria Defesa, que barram o compartilhamento de materiais com o potencial de “afetar a imagem das IDF” ou que exibam comportamentos que “violem a dignidade humana”.

Um dos vídeos analisados pelo NYT foi gravado em uma casa danificada em Gaza e postado em novembro por um reservista. A trilha sonora é uma paródia de uma música israelense chamada This Was My Home (Esta Era a Minha Casa, em tradução livre).

(Reprodução/New York Times)

“Esta era a minha casa, sem eletricidade, sem gás”, diz a canção, enquanto um soldado desfila pelos escombros do imóvel. Em dezembro, o local foi destruído.

Alguns dos perfis mais ativos identificados pela reportagem eram de soldados integrantes de unidades do Corpo de Engenharia de Combate, com acesso a equipamentos pesados, incluindo escavadeiras para abrir caminho, destruir túneis e destruir estruturas.

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