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Sobe para oito o número de mortos no tiroteio em centro das Testemunhas de Jeová em Hamburgo

De acordo com a revista Der Spiegel, o autor do ataque é um ex-membro das Testemunhas de Jeová; a polícia local, porém, destaca que as motivações do crime são desconhecidas

A ação de polícias e ambulâncias no local onde pelo menos seis morreram após um tiroteio em Hamburgo, na Alemanha. Foto: Jonas Walzberg/dpa/AFP
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Oito pessoas morreram, incluindo o suposto atirador, e várias ficaram feridas em um ataque na noite de quinta-feira (9) em um centro religioso das Testemunhas de Jeová em Hamburgo, informou a polícia de cidade do norte da Alemanha nesta sexta-feira.

“Oito pessoas foram fatalmente feridas. Entre elas, aparentemente, está o suposto atirador, afirmou a polícia de Hamburgo em um comunicado. A nota acrescenta que “várias pessoas ficaram feridas, algumas em estado grave”.

O agressor “atirou contra os participantes de um ato” organizado pelas Testemunhas de Jeová, acrescentou a polícia.

De acordo com a revista Der Spiegel, o autor do ataque é um ex-membro das Testemunhas de Jeová, com idade por volta de 30 anos, e que estava armado com um revólver.

O ataque aconteceu durante uma sessão de orações organizada por esta comunidade em seu centro em Hamburgo.

A comunidade das Testemunhas de Jeová afirmou em um comunicado divulgado nesta sexta-feira que “várias pessoas perderam a vida e outras ficaram gravemente feridas”. A nota ressalta a “profunda tristeza com o terrível massacre executado contra seus membros”.

Na quinta-feira, a polícia afirmou que não tinha “informações confiáveis sobre o motivo do crime” e pediu à população que não entre em especulações.

Também indicou que “as investigações sobre o contexto do crime continuam”, acrescentou.

O chefe de Governo da Alemanha, Olaf Scholz, denunciou um “ato de violência brutal”. O prefeito de Hamburgo, o social-democrata Peter Tschentscher, afirmou que as notícias eram “perturbadoras”.

‘Reunião de testemunhas de Jeová’

As forças da segurança “receberam ligações por volta das 21h15 [17h15 de Brasília] de quinta-feira que relatavam tiros no edifício” de três andares, situado no bairro de Gross Borstel, na zona norte de Hamburgo, indicou um porta-voz da polícia à emissora NTV.

As forças de intervenção “entraram rapidamente no edifício e encontraram mortos e feridos graves”, acrescentou o porta-voz.

Dentro do prédio, os agentes ouviram um disparo “procedente da parte superior do imóvel” e encontraram outra pessoa, “possivelmente” é o autor do ataque, segundo o porta-voz.

Ele disse que ainda não podia dar “indícios” sobre a motivação do crime. “Durante a noite, havia uma reunião de testemunhas de Jeová no edifício”, acrescentou.

De acordo com o site desta organização na Alemanha, o país tem 175.000 Testemunhas de Jeová, 3.800 em Hamburgo.

Fundadas no século XIX nos Estados Unidos, as testemunhas de Jeová se consideram herdeiras do cristianismo primitivo e baseiam seu credo somente na Bíblia.

O status da organização varia em função do país: estão no mesmo nível das “grandes” religiões na Áustria e na Alemanha, figuram como “culto reconhecido” na Dinamarca e como “denominação religiosa” na Itália.

Na França, diversos ramos locais dispõem do status de “associação de culto”, mas o movimento é acusado regularmente de deriva sectária.

Dupla ameaça

Apesar de o motivo do ataque ainda ser uma incógnita, as autoridades alemãs estão em alerta para uma dupla ameaça: o jihadismo e a extrema-direita.

A Alemanha já foi alvo de ataques jihadistas, em particular um atentado com um veículo que causou 12 mortos em dezembro de 2016 em Berlim, cuja autoria foi reivindicada pela Estado Islâmico. Esta foi a ação jihadista mais letal já cometida no país.

Desde 2013 e até o fim de 2021, o número de islamistas considerados perigosos com presença na Alemanha se multiplicou por cinco e é, na atualidade, de 615, segundo o Ministério do Interior.

Já o número de salafistas é calculado em 11.000, ou seja, duas vezes mais que em 2013.

Contudo, outra ameaça recorrente na Alemanha nos últimos anos é representada pela extrema-direita, com ataques mortais contra centros comunitários ou religiosos nos últimos anos.

Em um atentado racista em Hanau, perto de Frankfurt (oeste), um alemão envolvido com movimentos de conspiração matou nove jovens, todos eles de origem estrangeira, em fevereiro de 2020.

(Com informações de AFP)

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