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Sem ‘onda republicana’, resultados parciais de eleições nos EUA têm gosto de vitória para Biden

Como os americanos votam também por cédulas enviadas pelos correios, as contagens levam mais tempo

Foto: Mandel Ngan / AFP
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Alguns assentos ainda estão indefinidos na Câmara dos Representantes e no Senado dos Estados Unidos. Mas o presidente americano, Joe Biden, se pronunciou na quarta-feira 9, antes dos resultados finais as eleições de meio de mandato, dizendo que os cidadãos “mandaram uma mensagem clara de que querem preservar a democracia”.

Essa pode até ser uma derrota, mas com gosto de vitória para os democratas, já que a projeção das pesquisas de que uma onda vermelha – cor do Partido Republicano – poderia tomar conta dos resultados nestas eleições, não se concretizou. Joe Biden fez uma coletiva de imprensa mesmo antes dos resultados finais, exaltando que “esse foi um bom dia para a democracia”. “Os eleitores mandaram uma mensagem clara de que querem preservar a democracia”, disse o presidente, visivelmente aliviado.

A baixa aprovação de Joe Biden nas pesquisas (39%, segundo a Reuters/Ipsos) e a inflação atingindo patamares recordes, apontavam que os americanos responderiam a insatisfação no voto. No entanto, os democratas mostraram força nas urnas e as disputas pelos assentos estão acirradas tanto na Câmara dos Deputados, mas principalmente para o Senado.

Resultados definitivos em dezembro

Como os americanos votam também por cédulas enviadas pelos correios, as contagens levam mais tempo. Alguns Estados ainda não anunciaram os resultados. Provavelmente, apenas em dezembro, a apuração será encerrada.

O Senado americano tem 100 assentos no total, 35 deles estão sendo renovados nestas eleições. Na configuração atual, a câmara alta tem exatamente a mesma quantidade de Democratas (50) e Republicanos (50). É a vice-presidente americana, Kamala Harris, que tem o chamado “voto de Minerva” – o que garante maioria a Joe Biden nas votações. Com esse poder de desempate, os conservadores precisam ter 51 cadeiras para ter o controle do Senado.

Três estados ainda não divulgaram os resultados finais para o Senado: Nevada, Arizona e Georgia. Até o momento, há 48 assentos para os democratas e 49 para os republicanos. O Arizona com vantagem para os progressistas e o Nevada para os conservadores. Já no estado da Geórgia, a decisão foi para o segundo turno – pois nenhum dos principais candidatos conseguiu 50% dos votos – o que vai acontecer em 6 de dezembro.

Na Câmara de Representantes, ao todo, são 435 vagas. Para ter a maioria, o partido precisa ter pelo menos 218 cadeiras. As projeções mostram que os republicanos devem obter essa vantagem, mas ainda assim essa margem será apertada. Os conservadores terão em torno de cinco cadeiras a mais, de acordo com as projeções, o que historicamente é uma diferença muito baixa.

Direito ao aborto garantido em quatro Estados

Além da renovação da Câmara de Representantes, parte do Senado e dos governos estaduais, centenas de referendos também são realizados durante as eleições de meio de mandato nos Estados Unidos. Quatro Estados se pronunciaram a favor do direito ao aborto: Michigan, Vermont, Califórnia e até o conservador Kentucky. Dois Estados aprovaram o uso recreativo da cannabis, totalizando agora 21 em todo país que liberam o consumo da maconha para maiores de 21 anos.

Outros fatos que marcaram a votação foi o perfil de muitos eleitos, como Maxwell Alejandro Frost, de 25 anos, democrata, que conseguiu ser eleito deputado pela Flórida, Estado que nos últimos anos é palco de vitórias republicanas. Negro e de origem latina, Frost é um defensor da reforma das leis do porte de armas e da justiça social.

Além disso, pela primeira vez nos Estados Unidos uma mulher declaradamente lésbica foi eleita para o cargo de governadora: a democrata Maura Healey, de 51 anos, venceu em Massachusetts. Já Nova York elegeu pela primeira vez uma mulher como governadora, a também democrata Kathy Hochul, que já estava no cargo desde de que Andrew Cuomo renunciou no ano passado.

No estado da Pensilvânia, aconteceu uma das maiores derrotas de Donald Trump já que o médico-celebridade Dr. Oz, apoiado pelo ex-presidente, perdeu a disputa pelo Senado para John Fetterman, atual vice-governador. O democrata é casado com uma brasileira, a carioca Gisele Barreto.

De olho em 2024

Mesmo sendo o apontado como o grande derrotado indireto destas eleições de meio de mandato, Donald Trump declarou à Fox News que deve lançar a candidatura à presidência 2024-2028 na próxima terça-feira (15). Biden também falou sobre uma possível candidatura à reeleição na entrevista coletiva de ontem.

“Nossa intenção é concorrer novamente”, disse o presidente americano, ressaltando não ter pressa. Segundo ele, o anúncio oficial pode acontecer no início do ano que vem e será uma “decisão familiar”.

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