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Segundo ano de pandemia deve ser mais mortal que o primeiro, diz OMS

O aparecimento de variantes e o progresso desigual das campanhas de vacinação continuam a preocupar

Homem é fotografado em frente ao Hospital 28 de agosto, em Manaus, durante crise da segunda onda de coronavírus na cidade. Foto: Michael Dantas/AFP
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O segundo ano da pandemia está prestes a provocar mais mortos do que no ano passado – alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta sexta-feira 14, no momento em que vários países vislumbram a esperança de uma vida mais normal, enquanto outros, como a Índia, continuam a sofrer devastação.

A pandemia da Covid-19 matou pelo menos 3,3 milhões de pessoas em todo mundo desde o final de dezembro de 2019. O aparecimento de variantes e o progresso desigual das campanhas de vacinação continuam a preocupar.

De acordo com o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, “no ritmo que as coisas vão, o segundo ano da pandemia será muito mais mortal do que o primeiro”.

Ele também pediu aos países que desistam de vacinar crianças e adolescentes contra a Covid e doem as doses assim liberadas para o sistema Covax. Com isso, elas seriam redistribuídas para os países desfavorecidos.

Diante de resultados considerados animadores pelos governos, vários países, especialmente da Europa, estão reabrindo suas economias enfraquecidas.

Nesta sexta, a Grécia suspendeu todas as restrições de circulação, após sete meses de confinamento, para relançar uma esperada temporada de turismo. Agora, a única condição para viajar para a Grécia é estar vacinado, ou apresentar teste negativo de Covid.

“Os restaurantes estão abertos, podemos ir à praia, aproveitar o bom tempo, fazer compras… É maravilhoso poder sair de novo”, exclama em Creta a turista alemã Caroline Falk, de 28 anos.

O governo grego lançou uma grande campanha de vacinação, com o objetivo de que as ilhas estejam “totalmente protegidas até o final de junho”. No total, mais de 3,8 milhões de pessoas receberam pelo menos uma dose da vacina neste país de 11 milhões de habitantes.

Tendo em vista a temporada turística, a Itália anunciou, por sua vez, que suspenderá a partir de domingo a quarentena de cinco dias para os turistas europeus. A pandemia provocou a pior recessão do Pós-Guerra na península, cujo PIB é fortemente dependente do setor de turismo.

Campanha de detecção

A Inglaterra também se prepara para dar um grande passo, com a reabertura de museus, hotéis e estádios na segunda-feira 17, graças à queda acentuada do coronavírus, após um longo confinamento e a vacinações realizadas com agilidade.

Um surto da variante indiana no noroeste da Inglaterra e em Londres preocupa as autoridades, porém, que decidiram lançar uma campanha de detecção acelerada.

Enquanto isso, a França anunciou que os viajantes de quatro novos países (Colômbia, Bahrein, Costa Rica e Uruguai), em uma lista de 12, estariam sujeitos a uma quarentena de dez dias a partir de domingo.

Nos Estados Unidos, a campanha de imunização possibilitará a suspensão da obrigatoriedade do uso de máscara para pessoas totalmente vacinadas, o que representa cerca de 35% da população.

“Se você estiver totalmente vacinado, não precisa mais usar máscara!”, disse o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na quinta-feira.

A única exceção: as autoridades sanitárias recomendam sempre que as pessoas vacinadas continuem a usar máscara nos transportes (aviões, ônibus, trem, etc.), bem como nos aeroportos e estações ferroviárias.

Com mais de 584.000 mortes, os Estados Unidos continuam sendo o país que mais sofreu com a pandemia, à frente do Brasil (mais de 430.000), Índia (mais de 258.000), México (219.590) e Reino Unido (127.640).

“Deixamos pessoas morrendo”

Na Índia, em meio a um surto epidêmico devastador, muitos estados estão lutando contra a escassez de vacinas, limitando as disponíveis para os 600 milhões de adultos de 18 a 44 anos que agora podem ser vacinados.

A vacinação com o imunizante russo Sputnik V começou nesta sexta-feira neste país de 1,3 bilhão de habitantes. As primeiras injeções ocorreram em Hyderabad (centro), após a aprovação urgente do uso da vacina por Nova Délhi, em 12 de abril.

Depois de mergulhar as grandes metrópoles indianas no caos, com falta de medicamentos, de oxigênio e de leitos para os doentes, o vírus continua a causar estragos na zona rural, carente de infraestruturas.

Os mortos são enterrados e, às vezes, abandonados nos rios, enquanto os enfermos tentam se curar com decocções de plantas. Nos últimos dias, mais de 100 cadáveres acabaram nas margens do Ganges, aumentando o temor de uma situação igualmente terrível em outros lugares.

“Nós deixamos pessoas morrer”, disse à AFP Kidwai Ahmad, contatado pela AFP de sua aldeia de Sadullahpur, no estado de Uttar Pradesh. “É a Índia que escondemos de todos”.

O Japão estendeu, por sua vez, nesta sexta, o estado de emergência – já aplicado em seis departamentos, incluindo o de Tóquio – para três departamentos adicionais em face do aumento de casos, a apenas dez semanas da abertura dos Jogos Olímpicos na capital.

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