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Quem foi Agostinho Neto, líder que dá nome à alta honraria angolana concedida a Lula
Conhecido como ‘Pai da Angola Moderna’, Neto foi responsável pela independência do país africano e foi o primeiro a presidir o território
Conhecido como “Pai da Angola Moderna”, o primeiro presidente de Angola independente, Dr. Antonio Agostinho Neto, dá nome a maior honraria do País concedida a figuras estrangeiras. Nesta sexta-feira 25, o presidente Lula foi homenageado com a condecoração pelo atual presidente João Manuel Lourenço.
Neto foi uma importante liderança para que Angola ficasse independente da colônia portuguesa, em 1975.
A relação com o Brasil também acontece diante do fato que tornou Neto amplamente reconhecido em Angola, a poesia de combate.
O estopim foi em 1948, ainda aos 26 anos, quando publicou um volume de poemas na tentativa de fugir da censura portuguesa e retratar a sociedade colonial.
O reconhecimento de sua arte chegou às terras brasileiras com o livro de Mário de Andrade, Antologia da poesia negra de expressão portuguesa (1958).
Com apoio de Andrade também fundou o Centro de Estudos Africanos, focado na produção e reafirmação da memória africana.
Marxista, ele também estava ligado ao movimento cultural nacional que visava “redescobrir” a cultura indígena e negra angolana — isto também porque nasceu em berço originário, na aldeia de Kaxicane, filho de pastor e professora.
Destaque nas lutas estudantis, foi para Lisboa e integrou organizações clandestinas que se opunham ao ditador português, António Salazar, foi a primeira vez que foi detido, e considerado pela Anistia Internacional.
As outras duas vezes que foi detido aconteceram em razão do Movimento de unidade democrática-Juvenil pela luta anticolonial e após presidir o Movimento Anticolonialista.
Uma de suas detenções foi marcada por repressão policial à população que manifestava. Os jornais locais estimam que ao menos 30 manifestantes foram mortos e mais de 200 feridos no chamado “Massacre de Icolo e Bengo”.
Já eleito presidente da Angola pelo Movimento Anticolonialista, ele precisou atuar contra a guerra civil no país que durou de 1975 até 4 de abril de 2002.
Neto morreu em 1979, aos 56 anos, vítima de um câncer de pâncreas e deixou os três filhos Mário Jorge Neto, Irene Alexandra e Michaela Marinova.
Ao ser reconhecido com a medalha que leva o nome do líder anticolonial, Lula disse que espera que “alimentado pela inteligência e pensamento revolucionário do Agostinho Neto”, possa movimentar apoios internacionais na luta contra as desigualdades.
“Os homens
cuja voz descansou sob a condição e sob o ódio
e construíram os impérios do Ocidente
as riquezas e as oportunidades da velha Europa
mantendo os seus pilares sobre a angústia pulsátil dos braços
sobre a indignidade e a morte dos seus filhos
(…)
Povo genial heroicamente vivo
onde outros pereceram
de vitalidade inultrapassada na História
alimentou continentes e deu ritmos à América
deuses e agilidade nos estádios
centelhas luminosas na ciência e na arte”
Agostinho Neto, em Sagrada esperança
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