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Queda de avião com Prigozhin ocorre 2 meses após rebelião contra a cúpula militar russa; relembre

Inicialmente, o presidente Vladimir Putin prometeu punir a ‘traição’ do líder do Wagner. Horas depois, o Kremlin anunciou um acordo

Policiais russos em ponto próximo ao local onde caiu um avião com o líder do Wagner, Yevgeny Prigozhin. Foto: Olga Maltseva/AFP
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O líder da milícia russa Wagner, Yevgueni Prigozhin, estava em um avião que caiu nesta quarta-feira 23 durante o trajeto entre Moscou e São Petersburgo.

Segundo o Ministério de Situações de Emergência, o avião é um Legacy 600, da Embraer, e a queda ocorreu perto de Kuzhenkino, na região de Tver, a noroeste de Moscou.

A pasta informou que havia sete passageiros e três tripulantes a bordo e que todos morreram. Por volta das 17h de Brasília, a agência Ria Novosti publicou os nomes das dez pessoas e confirmou que Prigozhin estava no voo, com base em uma atualização da agência de transporte aéreo do país.

Outro passageiro era Dmitry Utkin, braço direito de Prigozhin.

A queda do avião ocorreu exatos dois meses após Prigozhin liderar uma rápida rebelião contra a cúpula do Exército russo. Naquela sexta-feira 23 de junho, o líder do Wagner anunciou a ocupação do quartel-general em Rostov, um centro nevrálgico das operações na Ucrânia, e garantiu controlar várias instalações militares.

Pouco antes, Prigozhin havia acusado o Exército de bombardear suas bases na retaguarda do front com a Ucrânia, provocando “um grande número” de vítimas entre os seus combatentes.

Inicialmente, o presidente Vladimir Putin prometeu punir a “traição” de Prigozhin, cuja rebelião representava uma “ameaça mortal” e o risco de uma “guerra civil”.

“É uma punhalada pelas costas para o nosso país e o nosso povo”, afirmou Putin, em discurso à nação, em 24 de junho. Ainda naquele dia, contudo, a Rússia confirmou que o líder mercenário iria para Belarus, um movimento que resultou de um acordo intermediado pelo presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko.

Horas antes, os milicianos do Wagner haviam recuado de seu avanço rumo a Moscou, após um dia de caos em que as tropas da Ucrânia aproveitaram para fazer novas incursões por áreas tomadas pela Rússia.

Naquele sábado, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que o processo criminal aberto contra Prigozhin devido ao motim seria arquivado e que os integrantes do Wagner não enfrentariam ações legais, em reconhecimento por seus “serviços anteriores”. Peskov afirmou, porém, que os milicianos deveriam assinar contratos com o Ministério da Defesa.

Desde então, uma aura de mistério cercou o paradeiro de Prigozhin. Na última segunda-feira 21, ele apareceu em um vídeo aparentemente gravado na África. O Wagner mantém uma presença militar significativa no continente, onde estabeleceu alianças com diversos governos, incluindo os de Mali e República Centro-Africana.

No vídeo, ele declarou que o grupo realizava “uma missão de reconhecimento, tornando a Rússia ainda maior em todos os continentes, e a África, ainda mais livre”.

As supostas atividades do Wagner em solo africano aconteciam também em um momento de tensão no Níger, abalado desde julho por um golpe que derrubou o governo eleito e levou uma junta militar ao poder.

Outro fato relevante desta quarta-feira 23 é a demissão de Serguei Surovikin, conhecido como “general Armagedom”, de suas funções no Exército russo.

Desde o motim do Wagner, o militar desapareceu dos eventos públicos. Na madrugada de 23 para 24 de junho, quando os mercenários avançavam em direção a Moscou, Surovikin protagonizou um vídeo em que falava com ar solene, segurando uma arma.

“Dirijo-me aos combatentes e líderes do grupo Wagner. Somos do mesmo sangue, somos guerreiros. Peço que parem”, disse, na ocasião. “Antes que seja tarde demais.”

Com fama de implacável, Surovikin foi considerado durante muito tempo o principal aliado do Wagner no Ministério da Defesa, apesar de Prigozhin defender a queda do ministro Serguei Choigu e do comandante do Estado-Maior, Valeri Guerasimov.

(Com informações da AFP)

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