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Putin acusa Ocidente de ameaçar Rússia e avalia reconhecer independência de separatistas na Ucrânia

Diante da ameaça de uma invasão russa, Kiev pediu também uma reunião “imediata” com o Conselho de Segurança da ONU

O presidente russo, Vladimir Putin. Foto: AFP
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O presidente russo, Vladimir Putin, acusou nesta segunda-feira (21) as potências ocidentais de usar a crise na Ucrânia para “ameaçar” a segurança da Rússia, dizendo que decidirá “hoje” se reconhece a independência das duas regiões separatistas pró-Rússia no leste.

Mais uma vez, Putin, que deve fazer um discurso hoje mesmo na televisão, acusou o Ocidente de “usar a Ucrânia como instrumento de confronto com nosso país”, o que “representa uma séria ameaça, muito importante para nós”.

Um pouco antes, os líderes dos dois territórios separatistas pró-russos do leste da Ucrânia, Denis Pushilin da DNR (República Popular de Donetsk) e Leonid Pasechnik, da LNR (República Popular de Lugansk), pediram nesta segunda-feira ao presidente russo para reconhecer sua independência e ativar uma “cooperação em matéria de defesa”.

“Ouvi suas opiniões, a decisão será tomada hoje”, disse Putin aos membros de seu Conselho de Segurança no final de uma reunião transmitida pela televisão russa.

A Ucrânia denunciou nesta segunda-feira 14 bombardeios cometidos por rebeldes pró-russos, deixando um civil morto na cidade de Nolouganské e um soldado ferido.

Cúpula Lavrov-Blinken quinta-feira

As declarações de Putin vêm depois de a Rússia anunciar nesta segunda-feira que suas forças de segurança eliminaram dois grupos de sabotadores ucranianos que haviam penetrado em seu território e acusar a Ucrânia de ter bombardeado um posto de fronteira, declarações que nega.

“Esta noite, dois grupos de sabotadores do exército ucraniano foram para a fronteira russa (…) Durante os confrontos, os dois grupos de sabotadores foram atingidos. Um dos militares ucranianos foi capturado”, disse o chefe do Serviço Federal de Segurança Russo (FSB), Alexander Bortnikov, durante a reunião do Conselho de Segurança.

Os países ocidentais temem que a intensificação dos combates nos últimos dias no leste da Ucrânia com separatistas pró-Rússia seja utilizada como pretexto por Moscou, que enviou 150.000 soldados para a fronteira ucraniana, para invadir o país vizinho.

A presidência francesa havia anunciado uma cúpula entre Putin e Biden no domingo, mas o Kremlin descreveu a ideia como “prematura”.

No entanto, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, disse que se reunirá com seu colega americano, Antony Blinken, na quinta-feira.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, deve conversar com Putin por telefone hoje. Por sua vez, a Casa Branca considera que a invasão da Ucrânia é iminente e acusa a Rússia de tentar “esmagar” o povo ucraniano.

Uma operação militar russa seria “particularmente brutal” e “custaria a vida de ucranianos e russos, sejam civis ou soldados”, disse o conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan.

Moscou nega ter planos de invadir a Ucrânia, mas exige garantias de que essa ex-república soviética jamais se juntará à Otan e o fim da expansão dessa aliança para suas fronteiras. Suas demandas até agora foram rejeitadas pelo Ocidente.

“É a guerra, a verdadeira”

“Em 21 de fevereiro, às 9h50, um obus de tipo não identificado disparado do território da Ucrânia destruiu o posto de serviço dos guardas de fronteira na região de Rostov, a uma distância de cerca de 150 quilômetros da fronteira russo-ucraniana”, relatou o FSB (serviço de inteligência), citado pelas agências russas de notícias.

O exército ucraniano negou qualquer bombardeio no território russo e acusou Moscou de divulgar “informações falsas”.

Os separatistas informaram a morte de três civis nas últimas 24 horas, assim como a explosão de um depósito de munições na região de Novoazovsk, sobre o qual acusaram “sabotadores ucranianos”.

Não foi possível verificar essas informações de forma independente.

As autoridades das duas “repúblicas” pró-Rússia” ordenaram a mobilização dos homens em condições de combater e a transferência de civis para a Rússia. Moscou informou nesta segunda-feira que 61.000 pessoas deixaram a região.

“É a guerra, a verdadeira”, disse Tatiana Nikulina, de 64 anos, que está entre os evacuados da região de Donetsk para a cidade russa de Taganrog.

Os separatistas pró-Rússia que lutam contra Kiev mantêm um conflito no leste do país que provocou mais de 14.000 mortes desde 2014, agravado após a anexação da Crimeia ucraniana pela Rússia.

Os países ocidentais ameaçaram impor sanções econômicas devastadoras em caso de ataque russo contra a Ucrânia.

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