Economia
Por coronavírus, FMI estima maior recessão global desde a depressão de 1929
‘Esta crise não se parece com nenhuma outra’, disse economista-chefe do FMI, que pediu ‘cooperação multilateral’ dos países
A pandemia de covid-19 provocará uma recessão global em 2020, com uma contração econômica estimada em 3%, e um “grave risco” de piorar – anunciou o Fundo Monetário Internacional (FMI), nesta terça-feira (14).
O isolamento da população para evitar contágios e a consequente paralisação da atividade econômica reduzirão o crescimento de maneira dramática, com impacto maior nos países em desenvolvimento, destaca o FMI no boletim “Perspectivas da Economia Mundial”, que recebeu o título de “O Grande Confinamento”.
“Esta crise não se parece com nenhuma outra”, declarou a economista-chefe do FMI, Gita Gopinath, ao destacar que, “muito provavelmente”, o mundo vai registrar a pior recessão desde a Grande Depressão de 1929, superando com folga a contração provocada pela crise financeira de 2008. Na ocasião, a recessão em 2009 foi de apenas 0,1%, e os mercados emergentes cresciam a um ritmo sólido.
O Fundo afirma que, se o mundo conseguir conter o novo coronavírus e retomar gradualmente a atividade no segundo semestre de 2020, a economia global pode crescer 5,8% em 2021.
Grandes economias devem registrar contrações: Estados Unidos (–5,9%), Japão (–5,2%), Reino Unido (–6,5%), mas o retrocesso será ainda mais profundo na Eurozona, incluindo Itália (-9,1%), Espanha (-8,0%), França (-7,2%) e Alemanha (–7,0%).
A contração do PIB será aguda na América Latina e Caribe (-5,2%), com golpes para México (-6,6%) e Brasil (-5,3%), e um agravamento da recessão na Argentina (-5,7%).
De acordo com os prognósticos do FMI, apenas duas economias escaparão este ano da recessão, mas, em ambos os casos, com crescimentos mínimos: a China, berço da covid-19, vai avançar 1,2%, e a Índia, 1,9%.
“Resultados de crescimento muito piores são possíveis e, talvez, prováveis”, afirma o boletim. Isto pode acontecer se a pandemia declarada em 11 de março, após uma epidemia que começou na China em dezembro, estender-se por mais tempo, e as medidas de isolamento, prorrogadas; assim como se o efeito nas economias emergentes for ainda maior do que o projetado, caso as condições financeiras se tornem mais rígidas; ou ainda se o fechamento de empresas e o desemprego prolongado deixarem sequências generalizadas.
O boletim destaca as políticas já implementadas por muitos governos que combinam ajuda em larga escala a lares e empresas, assim como injeções de liquidez dos bancos centrais no mercado financeiro para evitar colapsos.
Ressalta, porém, a necessidade de uma “forte cooperação multilateral”, em particular uma assistência financeira maior aos países emergentes. “Para aqueles que enfrentam grandes pagamentos de dívidas, pode ser necessário considerar a moratória e a reestruturação da dívida”, afirma o Fundo.
O novo coronavírus já infectou mais de dois milhões de pessoas e provocou mais de 120.000 mortes no mundo. Para frear a propagação, nas últimas semanas, mais da metade da população mundial foi convocada a permanecer em suas casas; comércios não essenciais, fechados; e o tráfego aéreo registrou uma redução drástica, acentuando a queda nos preços do petróleo.
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