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Populista e autoritário: quem é Nayib Bukele, presidente reeleito de El Salvador

Bukele é o presidente com a maior popularidade registrada da América Latina, mas seu governo carrega graves acusações de violação dos direitos humanos com forte política punitivista

O presidente de El Salvador, Nayib Bukele. Foto: Eric Baradat/AFP
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O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, declarou que foi reeleito presidente do país, no último domingo 4. O resultado ainda não foi confirmado pela justiça eleitoral do país, mas as pesquisas de boca de urna indicavam que o salvadorenho de 42 anos deve ser reconduzido ao cargo com mais de 85% dos votos.

Nascido na capital do país, San Salvador, Bukele chegou ao poder pela primeira vez em 2019. Antes disso, transitou entre a esquerda e a direita do país da América Central. Atualmente, ele diz que não se considera “nem de direita nem de esquerda”.

Sua carreira política começou sob influência da Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN), um antigo grupo guerrilheiro de esquerda que se converteu em partido após o fim da guerra civil no país, no início dos anos 1990.

Pela FMLN, Bukele foi eleito, em 2012, para a prefeitura de Nuevo Cuscatlán, uma pequena cidade nas proximidades da capital. O próximo passo foi arrematar a prefeitura de San Salvador, em 2015, quando já estava fora da sigla de esquerda.

A chegada à presidência foi marcada pela capacidade de Bukele de se conectar com a população jovem e descrente dos partidos políticos tradicionais, que se alternavam no poder em El Salvador desde o fim da guerra.

Não por acaso, Bukele é uma espécie de fenômeno das redes sociais no país. O mandatário já interrompeu um discurso na Organização das Nações Unidas (ONU) para realizar uma selfie para postar nas redes, e aposta na comunicação através de uma ampla estrutura que incentiva a sua performance. 

Em termos de governo, a gestão Bukele vem sendo marcada pela tentativa de combate ao crime organizado. Parte das ações diretamente tomadas contra as chamadas pandilhas, que são os grupos criminosos do país.

Sob o governo Bukele, El Salvador passou, de fato, a ser um dos países que mais prende no mundo. A taxa de homicídios, que girava acima dos cem a cada 100 mil habitantes em meados da última década, caiu para 2,4 a cada 100 mil no ano passado. Críticos dos dados apontam que a taxa não incluiria eventuais criminosos mortos em confrontos com a polícia.

A criminalidade era o problema central do país que Bukele assumiu, há quatro anos. O tema continua em alta, mas sob outro viés: os opositores do mandatário indicam que parte da redução da criminalidade se explica pelo fato de que o governo Bukele negocia diretamente com criminosos, em troca de benefícios.

O governo nega as acusações e Bukele, pessoalmente, mantém a sua plataforma punitivista. Outro aspecto do presidente reeleito, geralmente ressaltado pelos opositores, é o seu perfil populista e autoritário, que se desdobra no governo com casos de violação dos direitos humanos, inclusive nos presídios.

Essa mistura de populismo e defesa da mão forte do Estado levaram Bukele, que saiu de um personagem de esquerda a um símbolo da direita, a ser considerado, segundo o Latinobarómetro 2023, o presidente mais popular da América Latina.

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