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Oposição sul-africana elege primeiro líder negro

Mmusi Maimane é eleito pela Aliança Democrática, partido tido como representante dos interesses da população branca na África do Sul

Mmusi Maimane discursa após ser eleito líder da Aliança Democrática: ele é o primeiro negro a liderar o partido
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A Aliança Democrática (AD), tida como representante dos interesses da classe média branca na África do Sul, elegeu neste domingo 10 Mmusi Maimane, de 34 anos, como líder do partido, após a antecessora Helen Zille deixar o cargo depois de oito anos.

Ao iniciar seu discurso da vitória em seu idioma nativo, o xhosa, Maimane, de origem negra, afirmou aos seus correligionários que lutará por uma sociedade onde possa haver oportunidades iguais a todos. “Podemos transcender a desigualdade racial, mas isso apenas será possível se cada sul-africano reconhecer a injustiça do apartheid e se admitirmos que a desigualdade racial do passado ainda perdura nos dias de hoje”, declarou.

“Muitos jovens sul-africanos continuam a ter acesso negado a oportunidades, assim como seus pais durante o apartheid. Isso é o que temos que mudar se quisermos prosperar como nação”, acrescentou. Ao final do discurso, Maimane agradeceu sua esposa, uma mulher branca, antes de ser aplaudido de pé pelo publico.

A eleição de Maimane significa um “marco para a Aliança Democrática e para a política sul-africana”, afirmou neste domingo o editorial do jornal sul-africano Sunday Times.

“Durante a maior parte das últimas décadas, nossa disputa política se limitou a rivalidade entre negros e brancos, onde o Congresso Nacional Africano (CNA) [partido do presidente sul-africano Jacob Zuma] era visto como representante dos oprimidos no passado e a AD como defensora dos interesses dos brancos”, ressaltou o editorial.

Alguns analistas, no entanto, disseram que a eleição de Maimane não atrairá automaticamente os jovens eleitores da classe trabalhadora urbana, o que é o objetivo do partido.

Hellen Zille Em Port Elizabeth, Hellen Zille anuncia a vitória de Mmusi Maimane no pleito interno da Aliança Democrática que escolheu o seu sucessor

“Se ele [o partido] não mudar nada, continuar dizendo as mesmas coisas e tendo as mesmas posições políticas, então muitas pessoas irão dizer: ‘isso é um partido branco sendo liderado por um negro'”, disse o diretor do Centro para o Estudo da Democracia na Universidade de Joanesburgo, Sreven Friedman.

Maimane cresceu em Soweto, berço do movimento de resistência ao apartheid, mas rompeu os laços com o CNA – o partido do governo – ao se filiar à AD em 2009. Chamado de “Obama do Soweto” – comparação que ele rejeita – Maimane costuma discordar das políticas do CNA e do presidente Jacob Zuma.

A Aliança Democrática obteve 22% dos votos nas últimas eleições nacionais no ano passado, sua melhor performance até agora.

RC/afp/rtr/ap

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