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ONU alerta contra cerco e bombardeios israelenses a Gaza

Segundo o Hamas, mais de 7.300 pessoas, a maioria delas civis e incluindo 3.038 crianças, morreram nos bombardeios no enclave palestino

Fumaça e fogo sobem dos edifícios enquanto as pessoas se reúnem em meio à destruição após um ataque israelense à Cidade de Gaza. Foto: Omar El-Qattaa / AFP
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A ONU afirmou, nesta sexta-feira (27), que “muito mais” pessoas “morrerão em breve” na Faixa de Gaza pelo cerco de Israel, que fez uma nova incursão de infantaria no enclave palestino, visando a uma ofensiva terrestre em resposta ao sangrento ataque do movimento islâmico palestino Hamas.

Centenas de milhares de civis vivem em condições humanitárias desastrosas no estreito território, completamente sitiado e bombardeado sem descanso por Israel desde o ataque do Hamas em 7 de outubro.

“Muitas mais (pessoas) morrerão em breve como resultado do cerco imposto à Faixa de Gaza” por Israel, denunciou nesta sexta o comissário-geral da agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA, na sigla em inglês), Philippe Lazzarini.

Gaza precisa de ajuda humanitária “significativa e contínua” para aliviar a falta de água, alimentos e eletricidade, acrescentou.

Segundo o Hamas, mais de 7.300 pessoas, a maioria delas civis e incluindo 3.038 crianças, morreram nos bombardeios no enclave palestino. Pelo menos 1.400 pessoas, também civis em sua maioria, morreram em Israel, segundo as autoridades, pelas mãos do Hamas.

Alvos do Hamas destruídos

A Infantaria israelense lançou uma “incursão seletiva no setor central da Faixa de Gaza”, apoiada por “caças e drones”, antes de abandonar o território, anunciou o exército na manhã desta sexta-feira.

Imagens em preto e branco divulgadas pelo Exército, que fez ontem uma primeira incursão no norte da Faixa, mostravam uma fileira de veículos blindados à noite.

O Exército disse ter bombardeado alvos do Hamas “em toda a Faixa de Gaza”, destruindo plataformas de lançamento de foguetes e centros de comando, em preparação para uma provável ofensiva terrestre prometida por autoridades políticas e militares para “aniquilar” o Hamas.

Segundo as autoridades de Israel, 229 reféns israelenses com dupla nacionalidade, ou estrangeiros, foram capturados durante o ataque do Hamas, que até agora libertou quatro mulheres.

O grupo islâmico disse na quinta-feira que “cerca de 50” reféns foram mortos em bombardeios israelenses.

A comunidade internacional teme as consequências de uma ofensiva terrestre no enclave palestino de 362 km², controlado desde 2007 pelo Hamas e aonde a ajuda internacional mal chega aos 2,4 milhões de habitantes.

“Corredores humanitários”

Desde 21 de outubro, 74 caminhões de ajuda entraram na Faixa de Gaza procedentes do Egito, anunciou na quinta-feira o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA), um número muito insuficiente para a organização, que exige, sobretudo, combustível para fazer as infraestruturas de saúde funcionarem.

Antes do “cerco total” imposto por Israel em 9 de outubro, cerca de 500 caminhões chegavam ao enclave diariamente. Ante essa situação, os líderes dos 27 países da União Europeia (UE) pediram na quinta-feira a instalação de “corredores humanitários” e de “pausas” para a entrega de ajuda.

Na terça-feira, os Estados Unidos também sugeriram essas “pausas” humanitárias, em vez de um cessar-fogo, que “neste momento beneficiaria apenas o Hamas”.

Segundo o OCHA, citando o Ministério das Obras Públicas e de Habitação de Gaza, 45% das casas do território foram “danificadas ou destruídas” pelos bombardeios.

Quase 1,4 milhão de pessoas foram deslocadas para o sul da Faixa, fugindo dos bombardeios israelenses, embora cerca de 30 mil tenham retornado para o norte do território nos últimos dias, segundo a ONU.

“Voltamos para morrer nas nossas casas. Será mais digno”, disse Abdallah Ayyad, que retornou para a Cidade de Gaza com sua mulher e cinco filhas.

Escalada regional

A guerra também despertou temores de uma conflagração regional. O Irã, um poderoso apoiador do Hamas, lançou várias advertências aos Estados Unidos, um aliado de Israel.

O secretário americano da Defesa, Lloyd Austin, anunciou que, ontem, os Estados Unidos atacaram duas instalações usadas pela Guarda Revolucionária iraniana e por “grupos afiliados” no leste da Síria, em resposta a ataques contra “pessoal americano no Iraque e na Síria”.

O ministro iraniano das Relações Exteriores, Hossein Amir Abdollah, dirigiu uma mensagem aos Estados Unidos na ONU: “Advirto que se o genocídio em Gaza continuar, não se livrarão desse fogo”.

Biden respondeu à liderança iraniana que, se suas forças forem atacadas pelo Irã, “responderemos, estejam preparados”.

A tensão também está aumentando na Cisjordânia ocupada, assim como na fronteira norte de Israel com o Líbano, onde ocorrem diariamente trocas de disparos entre o movimento Hezbollah, aliado do Hamas, e o Exército israelense.

Mais de 100 palestinos morreram na Cisjordânia em ataques e confrontos com o Exército israelense desde 7 de outubro, segundo o Ministério palestino da Saúde. E, nesta sexta, quatro pessoas morreram durante incursões de Israel, informou a agência oficial palestina Wafa.

Enquanto isso, seis pessoas ficaram feridas quando um foguete caiu na localidade egípcia de Taba, na fronteira com Israel, informou a imprensa local.

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