Mundo
‘Ninguém vai proibir que Brasil aprimore relação com a China’, diz Lula a Xi Jinping
Em reunião com o presidente chinês, Lula listou áreas de interesse na relação entre os dois países, destacando a questão ambiental; Xi Jinping afirmou que Brasil e China são parceiros estratégicos
De acordo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), “ninguém vai proibir” que o Brasil aprimore a sua relação com a China. A declaração foi dada antes da reunião oficial a portas fechadas entre o presidente brasileiro e Xi Jinping, presidente da China, realizada nesta sexta-feira 14, em Pequim.
Em discurso à imprensa, Lula disse que as relações entre os dois países devem ser intensificadas em áreas como ciência e tecnologia, energia limpa, estratégias de combate às mudanças climáticas, relações culturais, produção de carros e ônibus elétricos, assim como no intercâmbio de estudantes universitários.
“Ontem fizemos visita à Huawei [empresa fornecedora de equipamentos para redes e telecomunicações], em uma demonstração que queremos dizer ao mundo que não temos preconceito em nossas relações com os chineses. Ninguém vai proibir que o Brasil aprimore sua relação com a China”, afirmou Lula.
Xi Jinping, por sua vez, chamou Lula de “velho amigo do povo chinês”. Ele disse que o fato dos países terem marcado o encontro logo após a recuperação de Lula de um quadro de pneumonia, que o impediu de ir à China no mês passado, é sinal da importância do relacionamento entre ambos. Segundo ele, Brasil e China são parceiros estratégicos e “compartilham amplos interesses comuns”.
No seu discurso, Lula pontuou, ainda, que a relação Brasil-China deve superar o interesse comercial, sem excluir a importância desse fator. “Penso que a compreensão que o meu governo tem da China é de que nós precisamos trabalhar muito para criar uma relação Brasil-China que não seja apenas uma relação meramente de interesse comercial. Se bem que o interesse comercial é muito importante”, disse Lula.
A China é a principal parceira comercial do Brasil. Em 2022, as exportações brasileiras ao país asiático somaram 89,4 bilhões de dólares, o que representa 26,8% de todas as exportações realizadas pelo Brasil. A título de comparação, 11,2% das exportações brasileiras feitas ano passado foram para os Estados Unidos.
Por meio de comunicado oficial divulgado pela imprensa estatal chinesa, Xi Jinping disse que o desenvolvimento da China “abrirá novas oportunidades” para o Brasil e para o mundo.
“A China buscará um desenvolvimento de alta qualidade, acelerará a criação de um novo paradigma de desenvolvimento e promoverá uma abertura de alto padrão. Isto abrirá novas oportunidades para o Brasil e para os países de todo o mundo”, declarou, segundo o comunicado do ministério das Relações Exteriores, que foi divulgado pela imprensa estatal.
A posição da China na reformulação da hegemonia global apresenta avanços nos últimos anos e, mais recentemente, tem feito com que o país asiático busque modelos de transação comercial que envolvem diretamente a sua moeda local, diminuindo, por exemplo, o poder do dólar. Outra questão importante diz respeito ao aumento dos empréstimos diretos que a China tem feito a países periféricos, especialmente no campo da infraestrutura, em uma tentativa de assumir a posição que, majoritariamente, é ocupada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
Importância da questão ambiental
Na reunião entre os dois líderes, a questão ambiental, principalmente no que se refere às mudanças climáticas, foi ressaltada. Lula pediu da China um compromisso pela transição energética, o que pode gerar a redução da emissão de poluentes.
“Contamos com a China na nossa luta pela preservação do planeta Terra, defendendo uma política climática mais saudável. Em que as pessoas possam respirar ar mais puro e beber água mais limpa. Para isso, é extremamente importante uma transição energética para que a gente possa produzir energia mais limpa, sobretudo eólica, solar, biomassa”, disse Lula.
O presidente brasileiro afirmou, ainda, que o seu governo pretende criar as condições para que se alcance o desmatamento zero na Amazônia até 2030.
Na última quinta-feira 13, a revista norte-americana Time incluiu Lula na lista das “cem pessoas mais influentes de 2023”. Ao justificar a inclusão do presidente brasileiro, em texto escrito pelo ativista ambiental Al Gore, a revista destacou que o principal impacto da volta de Lula à presidência do Brasil poderá estar ligado ao combate às crises climática e de biodiversidade.
Ainda no discurso de hoje, Lula agradeceu à China pelo apoio à eleição de Dilma Rousseff para a presidência do Novo Banco do Desenvolvimento (NBD), vinculado aos Brics.
“Para nós, é com muita alegria que recebemos o apoio da China para a presidenta Dilma ser presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento. O senhor sabe o apreço que a presidenta Dilma tinha na relação com a China”, disse Lula.
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