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Nacionalistas escoceses redesenham mapa político britânico

Partido pró-independência varre trabalhistas da cena política da Escócia e mostra que, mesmo com derrota, referendo de 2014 fortaleceu separatistas

Nicola Sturgeon, a líder do SNP, e seu antecessor, Alex Salmond, que venceu as eleições pelo distrito de Gordon
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Em época de eleição, é tradicional há décadas na televisão britânica o chamado swingometer, um mapa de divisão de cadeiras no Parlamento que varia conforme um partido vai ganhando espaço do outro. Na madrugada de quinta para sexta-feira 8, ele parou – pela primeira vez na história.

O ponteiro que faz as medições não estava preparado para registrar tamanho avanço do Partido Nacionalista Escocês (SNP), que elevou sua bancada na Câmara dos Comuns de 6 para 56 assentos, de um total de 59 reservados à Escócia. Das 41 cadeiras escocesas que possuíam, os trabalhistas mantiveram apenas uma.

“As placas tectônicas da política escocesa se moveram ontem, é um resultado histórico”, afirmou a carismática Nicola Sturgeon, líder da legenda nacionalista que defende a independência da Escócia, nesta sexta.

O resultado tornou o SNP a terceira força política em nível nacional, atrás apenas dos conservadores, de David Cameron, e dos trabalhistas. E mostrou que o partido, em vez de enfraquecido, saiu mais forte da derrota, em setembro de 2014, no referendo sobre a independência escocesa.

Após o referendo, o partido viu seu número de filiados saltar de 25 mil para 100 mil. Além disso, conseguiu convencer os eleitores que votaram contra a independência de que os nacionalistas são a melhor opção para representar a Escócia em Westminster.

“Ainda se trata, claro, da independência, mas também em quem você confia para lutar por seus interesses”, afirmou Graham Campbell, militante do SNP em Glasgow. “Quando, ano passado, eleitores trabalhistas votaram pela independência, eles mostraram que já tinham mudado. Nós nem tivemos que convencê-los agora.”

Nas eleições desta quinta-feira, os trabalhistas viram muitos de seus principais redutos na Escócia, alguns já há oito décadas em suas mãos, passarem para os nacionalistas. Um dos derrotados é Douglas Alexander, chefe de campanha de Ed Miliband, que perdeu sua cadeira em Westminster para uma estudante de 20 anos.

“O referendo resgatou a autoconfiança escocesa, e as eleições gerais nos deram novamente uma voz”, afirmou a deputada eleita Carol Monaghan.

Diante da ampla vitória dos conservadores, que manterá Cameron no poder, os nacionalistas escoceses não terão qualquer papel no governo. Isso, no entanto, não significa que eles ficarão de fora da agenda política em Londres.

“O SNP terá um efeito transformador em alguns aspectos da vida política em Westminster”, afirma a analista política Ailsa Henderson, da Universidade de Edimburgo. “Eles conseguiram esse resultado porque os eleitores acreditam que eles são os mais aptos a representar os interesses da Escócia no Parlamento.”

Analistas apontam também como motivo para a ascensão nacionalista a frustração com a forma como os trabalhistas lidam com os problemas econômicos escoceses. Além disso, o Partido Trabalhista foi severamente criticado por apoiar os conservadores na campanha contra a independência do ano passado. Nesta sexta-feira, Miliband, líder nacional trabalhista, renunciou.

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