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Mesmo com candidata própria, Macri acena a Milei: ‘Vamos ter que estar juntos’
Declarações criam dúvidas sobre possível aliança pós-eleitoral com o candidato da extrema-direita e o ex-presidente
O ex-presidente argentino Mauricio Macri fez acenos a uma possível aliança pós-eleitoral com o candidato da extrema-direita, Javier Milei, que liderou as primárias da Argentina.
Interlocutores se preocupam com possível proximidade entre o partido de Macri e as forças lideradas por Milei, o que traria um viés anarcocapitalista ao novo governo, seja o extremista como vencedor das eleições, ou a candidata apoiada pelo ex-presidente, Patrícia Bullrich.
A possibilidade se torna possível, uma vez que, tanto Macri quando Milei desprezam a chamada “velha política” e pretendem frear as “mudanças fundamentais” planejadas para a economia e a política argentina propostas pelos políticos tidos como tradicionais.
A aliança é considerada como uma jogada de ganha-ganha para Macri.
Caso ganhe a disputa presidencial, Milei teria apoio do partido do ex-presidente e poderia usar de sua estrutura, experiência de gestão e força política para angariar votos no Congresso.
Já se Patrícia for eleita, Milei seria o principal aliados para lhe fornecer os votos no Congresso, que permitiria avançar nas reformas mais estruturais e complexas sem a necessidade de pactuar com outras forças.
Se os resultados das primárias se replicarem nas eleições marcadas para outubro, o bloco liderado por Milei juntamente como o grupo de Macri, reuniriam 147 deputados e 41 senadores em cada Casa do Congresso argentino.
Esses números garantiriam a maioria nas votações, sem a necessidade de se negociar para obter mais apoio político.
Além disso, a aliança proveria influência para neutralizar instantaneamente o kirchnerismo e as forças peronistas nas províncias, que seriam reduzidas a uma oposição testemunhal.
A possível aliança, no entanto, aciona alerta de aliados com relação do radicalismo trazido à política por Milei.
Logo após o resultado das primárias, Macri transpareceu um ar de vitória, mesmo com a liderança de Milei sobre a candidata apoiada pelo ex-presidente.
A atitude incomodou parte do partido de Macri, que afirmou não terem feito uma boa escolha eleitoral.
Na noite de domingo, Macri entrou em contato com Milei para parabenizá-lo. Ambos cultivam um relacionamento pessoal há muito tempo.
A ação foi considerada por alguns como a confirmação da existência de um “pacto de não agressão entre os dois.
Logo após, Macri declarou que a direita da Argentina terá de se unir contra o peronismo.
A declaração foi dada durante o lançamento de seu livro Para qué, no Centro de Estudos de Desenvolvimento no Uruguai.
Em outro momento, o ex-presidente afirmou que “todos nós que acreditamos na mudança vamos ter que estar juntos”. Essa nova manifestação foi considerado como uma reiteração do aceno a Milei.
Enquanto Macri parece “cantar vitória” com possível aliança, Milei, porém, nega que se una a Bullrich.
“Me encheu de ataques nos últimos 45 dias. Não faço acordos com quem espeta punhais nas costas”, falou em entrevista ao canal LN+, na segunda-feira 15.
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