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Macron oficializa candidatura à reeleição em campanha estremecida pela guerra

Uma pesquisa Ifop-Fiducial publicada nesta quinta-feira aponta Macron com 28% de intenções de voto no primeiro turno, seguido por Marine Le Pen, da extrema-direita, com 17%

O presidente da França, Emmanuel Macron. Foto: Ludovic MARIN/AFP
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Em uma “Carta aos franceses” publicada nesta quinta-feira (3) em sites da imprensa regional, o presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou sua candidatura à reeleição na disputa presidencial de abril. O centrista de 44 anos lidera a corrida para o primeiro turno, de acordo com diferentes pesquisas de intenção de voto, e venceria a disputa no segundo turno em todos os cenários.

Na “Carta aos franceses”, Macron pede o voto de confiança dos eleitores para um segundo mandato. “Eu sou candidato para inventar com vocês, diante dos desafios do século, uma resposta francesa e europeia singular”, escreve o centrista. Ele informa que não poderá fazer uma campanha como gostaria, em decorrência do contexto geopolítico na Europa.

Em poucas linhas, o chefe de Estado apresenta algumas bases do programa de um segundo mandato, principalmente na área econômica. Sem rodeios, Macron indica que os franceses deverão trabalhar mais, se for reeleito. A reforma das aposentadorias, com o aumento da idade mínima legal dos atuais 62 para 65 anos, é uma das grandes promessas não cumpridas de seu primeiro programa de governo. Ele também promete dar continuidade à política de redução de impostos que prejudicam a criação de empregos e a atividade industrial.

A 38 dias do primeiro turno, previsto para 10 de abril, Macron fará uma campanha fora dos padrões e expectativas. A agenda do candidato será atropelada pelas funções que a França desempenha na presidência rotativa da União Europeia, até 30 de junho.

Os presidentes franceses em exercício têm o hábito de esperar até o último minuto para anunciar se disputarão a reeleição. O prazo vence nesta sexta-feira (4). Inicialmente, Macron tinha vinculado o anúncio de sua candidatura a uma melhora da situação sanitária causada pela pandemia de Covid-19 e sua mediação para atenuar a crise entre Moscou e Kiev. O primeiro objetivo foi alcançado. No segundo caso, a Rússia invadiu a Ucrânia e o conflito armado ocupa todo o espaço político nacional e internacional.

Quando assumiu a presidência rotativa da União Europeia em 1° de janeiro, Macron planejava tirar vantagem eleitoral desse período na liderança do bloco, fazendo avançar alguns projetos que defende há vários anos, como os investimentos em defesa. O que ele nunca imaginou é que enfrentaria o momento mais complexo de sua trajetória política: a guerra na Ucrânia tornou-se a pior crise enfrentada pelos europeus desde a Segunda Guerra Mundial.

Guerra aumenta apoio ao presidente

Antes do início do conflito armado na Ucrânia, em 24 de fevereiro, os adversários em campanha atacaram o presidente, acusando Macron de protelar o anúncio da candidatura, com a intenção de fugir dos debates sobre seu balanço de governo para se dedicar às obrigações do mandato europeu. Mas depois que o bloco foi pego numa espiral de violência, ameaçado por uma guerra nuclear, rapidamente os opositores manifestaram apoio ao presidente francês, em nome dos interesses de soberania e independência da nação.

Uma pesquisa Ifop-Fiducial publicada nesta quinta-feira aponta Macron com 28% de intenções de voto no primeiro turno, seguido por Marine Le Pen (extrema direita, 17%), Valérie Pécresse (direita, 14%), Eric Zemmour (extrema direita, 12%) e Jean-Luc Mélenchon (extrema esquerda, 11,5%). Contra Le Pen no segundo turno, Macron venceria com 56% dos votos, vantagem que cresce para 60% se a adversária for Pécresse e 65% no caso de Zemmour.

Apesar do fracasso diplomático em evitar a guerra no solo ucraniano, Macron ganhou três pontos nas últimas semanas por seu protagonismo na crise entre a Rússia e o Ocidente. Os quatro principais concorrentes do centrista foram penalizados pelos posicionamentos ambíguos, e até de admiração em relação ao líder russo, Vladimir Putin.

Zemmour, que chegou a figurar em segundo lugar, despencou 4 pontos em poucos dias. As incoerências retóricas do candidato foram escancaradas. Ele passou semanas dizendo que Putin não atacaria a Ucrânia, e que os franceses deviam parar de acreditar na “propaganda dos serviços de inteligência americanos”. Além disso, culpou a Otan pela resposta de Putin na Ucrânia, assumindo algumas reivindicações do presidente russo, como a exigência de que a Aliança Atlântica cesse sua expansão no leste da Europa.

Zemmour, que sonhava com um “Putin francês”, como chegou a dizer, qualificou o líder do Kremlin de “democrata com autoridade”. Mesmo eleitores mais radicais compreenderam que o candidato da extrema direita enfrentaria dificuldades para defender a liberdade e a independência da França caso chegasse ao Palácio do Eliseu.

Com informações da AFP

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