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Lula defende expansão do Brics como forma de negociar ‘em igualdade’ com UE e EUA

O presidente defendeu, ainda, fortalecimento do Novo Banco do Desenvolvimento, instituição financeira ligada ao bloco

O presidente Lula (PT). Foto: Evaristo Sá/AFP
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez uma defesa da expansão do Brics – bloco formado por Brasil, Rússia, índia, China e África do Sul –, para que o grupo possa “sentar em uma mesa de negociações em igualdade de condições com a União Europeia, com os Estados Unidos e com todos os países”. A declaração foi feita na edição desta terça-feira 22 do programa Conversa com o Presidente.

“A gente não quer ser um contraponto ao G7 ou ao G20, nem aos Estados Unidos. A gente quer se organizar. A gente quer criar uma coisa que nunca teve, que nunca existiu”, afirmou Lula. Para ele, o Sul Global (uma referência aos países em desenvolvimento) sempre foi tratado como “a parte pobre do planeta”. “De repente”, completou Lula, “a gente está percebendo que podemos nos transformar em países importantes”.

Em seguida, Lula afirmou que o fortalecimento do Brics pode permitir ao grupo negociar em igualdade de condições com a União Europeia e os Estados Unidos. 

Nesta semana, acontece o encontro do Brics, em Joanesburgo, na África do Sul. Desde o início da pandemia de Covid-19, essa será a primeira reunião presencial do bloco. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, vai participar por videoconferência, uma vez que existe um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional contra ele. Caso fosse à África do Sul, o líder russo correria o risco de ser preso.

Antes da entrevista de Lula, o assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, concedeu entrevista coletivo em que disse que o “interesse que existe de expansão, de países que desejam ser parceiros ou membros plenos do Brics, demonstra que [o grupo] é uma nova força no mundo” e que “o mundo não pode mais ser visto como ditado pelo G7”.

Banco do Brics e Brasil no Conselho de Segurança da ONU

Lula afirmou, também, que pretende fortalecer o Novo Banco de Desenvolvimento, conhecido como Banco dos Brics. No último mês de abril, a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) assumiu a presidência da instituição. Lula defendeu que o banco seja “maior que o FMI [Fundo Monetário Internacional]”.

“A gente quer criar um banco muito forte, que seja maior que o FMI, mas que tenha outros critérios de emprestar dinheiro para outros países. Não de sufocar, mas de emprestar, na perspectiva de que o país vai criar condições de investir o dinheiro, se desenvolver e pagar”, afirmou o presidente.

O FMI foi fundado após a Segunda Guerra Mundial, e conta, atualmente, com quase 200 membros. Entre outras funções, o Banco Mundial, ligado ao órgão, fornece empréstimos para os países do mundo e regula os sistemas financeiros. Já o NBD, criado em 2015, direciona os seus empréstimos, principalmente, para países ligados ao Brics. Em 2022, o banco acumulou 32 bilhões de dólares em empréstimos, que foram destinados, sobretudo, à China e à Índia.

Lula indicou, ainda, que o Brasil vem negociando com a China e com a Rússia a possibilidade de se tornar membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. A demanda é antiga e já foi apresentada pelo próprio Lula em seus mandatos anteriores. 

O Conselho admite membros rotativos, e o Brasil já ocupou uma cadeira temporária em onze oportunidades. O grupo possui apenas cinco membros permanentes, sendo dois deles ligados ao Brics: China, Rússia, Estados Unidos, Reino Unido e França.

“O Brasil reivindica que vários países possam entrar no Conselho de Segurança da ONU como membros permanentes. Então, é preciso que a gente convença a Rússia e a China que o Brasil, a África do Sul e a Índia possam entrar no Conselho de Segurança”, disse Lula

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