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Justiça nega questionar vice de Milei por encontros com ditador argentino

Victoria Villarruel se reuniu com Jorge Videla, o principal expoente da última ditadura, morto em 2013

Javier Milei e Victoria Villarruel, candidatos à Presidência e à Vice-Presidência da Argentina. Foto: Reprodução/Redes Sociais
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A Câmara Nacional Eleitoral da Argentina informou não poder questionar Victoria Villarruel, candidata a vice-presidenta na chapa do ultradireitista Javier Milei, sobre suas reuniões com o ditador Jorge Videla, o principal expoente do regime militar instaurado por meio de um golpe em 1976.

Na semana passada, o Centro de Ex-Combatentes Ilhas Malvinas La Plata pediu ao tribunal, presidido pelo juiz Alberto Dalla Vía, que requisitasse informações a Villarruel a respeito dos encontros.

“Quarenta anos depois da recuperação da democracia, devemos destacar a inestimável importância de saber o que pensam aquelas pessoas que aspiram a liderar o nosso país”, dizia a solicitação. “Principalmente se houver indícios veementes de que um candidato pareceria concordar com ideias que contrastam completamente com os princípios e os valores democráticos que soubemos construir.”

Dalla Vía, porém, respondeu que nada poderia fazer. “A medida solicitada não se apoia nas competências que a legislação atribui ao tribunal”, justificou a Câmara.

Victoria Villarruel sustenta ter visitado o ditador, morto em 2013, para a pesquisa que levaria a um de seus livros, Los llaman… jóvenes idealistas y Los otros muertos.

Em 4 de setembro, a cidade de Buenos Aires viveu horas de tensão quando militantes em prol dos direitos humanos protestaram contra Villarruel após ela convocar uma sessão no Legislativo municipal “em homenagem às vítimas do terrorismo”.

A cerimônia foi mais uma de suas tentativas de minimizar as violações promovidas durante a ditadura militar da Argentina, entre 1976 e 1983. O objetivo da deputada era dar voz a quem supostamente viveu “um terror” nas mãos de grupos que lutaram contra o regime de exceção.

Mortes, torturas e desaparecimentos se avolumaram ao longo dos sete anos. Estima-se em mais de 30 mil o número de mortos e desaparecidos durante a última ditadura militar no país.

O primeiro governo democrático após a ditadura foi o de Raúl Alfonsín, entre 1983 e 1989. Antes, após a renúncia de Videla, a Junta Militar havia indicado o general Roberto Viola, em 1981, substituído logo depois pelo general Leopoldo Gualtieri, já em fase de declínio do regime ditatorial.

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