Mundo

Juiz de Nova York multa Trump em R$ 1,7 bilhão por fraude fiscal

O magistrado também proibiu o ex-presidente de administrar seus negócios por três anos

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump deixa tribunal em Nova York, em 17 de janeiro de 2024. Foto: Charly Triballeau/AFP
Apoie Siga-nos no

Um juiz de Nova York anunciou, nesta sexta-feira 16, uma multa ao ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump de quase 355 milhões de dólares e o proibiu de administrar seus negócios por três anos.

“O Tribunal proíbe Donald Trump de atuar como funcionário ou diretor de qualquer corporação de Nova York ou outra entidade legal em Nova York por um período de três anos”, escreveu o juiz Arthur Engoron em sua decisão.

O magistrado ainda ordenou que o magnata republicano pague uma multa de 354.868.768 dólares (aproximadamente 1,765 bilhão de reais, na cotação atual).

Donald Trump, que busca retornar à Casa Branca nas eleições de novembro, e dois de seus filhos – Donald Trump Jr. e Eric Trump – compareceram em um longo processo civil de outubro a janeiro, acusados de inflar o valor dos ativos da Trump Organization.

Sua total falta de contrição e remorso chega a ser patológica. Eles só são acusados de inflar o valor dos ativos para ganhar mais dinheiro”, disse o juiz Engoron em sua sentença, na qual afirma que “os acusados são incapazes de admitir seu erro”.

“Em vez disso, adotam uma postura de ‘não ver o mal, não ouvir o mal, não falar o mal’ que as provas desmentem”, acrescentou.

Com a sentença, o “tribunal pretende proteger a integridade do mercado financeiro e, portanto, o público em geral”, afirmou o juiz.

A procuradora-geral do estado de Nova York, Letitia James, uma democrata eleita que apresentou uma ação civil em 2022 alegando fraude financeira contra os membros da família Trump, solicitava 370 milhões de dólares por danos.

Essa multa se soma aos mais de 80 milhões de dólares (398 milhões de reais) que outro tribunal recentemente condenou Trump a pagar por difamação a uma escritora que o acusou de tê-la agredido sexualmente na década de 90.

‘Repetidas fraudes’

Trump e seus filhos foram acusados de inflar o valor de arranha-céus, hotéis de luxo e campos de golfe em todo o mundo durante a década de 2010, dentro da Organização Trump, para obter empréstimos mais favoráveis dos bancos e melhores condições de seguro.

Alguns ativos, como a Trump Tower, localizada na famosa 5ª Avenida de Manhattan, são emblemáticos do sucesso do empresário que entrou na política graças à imagem de construtor imobiliário e apresentador de reality show de sucesso.

Mesmo antes do julgamento, o juiz Engoron, com quem Donald Trump tem uma relação ruim, havia determinado que uma fraude foi cometida.

O juiz considerou que a procuradora-geral James apresentou “provas conclusivas de que, entre 2014 e 2021, os acusados haviam inflado os ativos” do grupo em “de 812 milhões de dólares [4,040 bilhões de reais] a 2,2 bilhões de dólares [10,9 bilhões de reais] “, dependendo do ano.

Como consequência das “repetidas fraudes”, o juiz ordenou no final de setembro a liquidação das empresas que administravam esses ativos, como a Trump Tower e o arranha-céu neogótico no número 40 da Wall Street, que está prestes a completar 100 anos e onde Donald Trump deu algumas de suas coletivas de imprensa após o julgamento. O magnata apelou da decisão.

O republicano de 77 anos, derrotado nas eleições presidenciais de 2020 por Joe Biden, considera que os diferentes processos que enfrenta em vários estados são “uma caça às bruxas” destinada a evitar seu retorno à Casa Branca.

Ele descreveu o julgamento como “digno de uma república bananeira”.

Seus advogados criticam que se trata de um caso juridicamente vazio.

Ao contrário dos julgamentos criminais deste ano – como o agendado para quinta-feira, 25 de março, por pagamentos para comprar o silêncio de uma estrela pornô -, que levarão pela primeira vez um ex-presidente ao banco dos réus, Donald Trump não enfrenta pena de prisão neste caso civil.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo