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Itália confirma 200 contágios por coronavírus

Itália se torna primeiro país europeu a decretar quarentena em cidades inteiras, isolando cerca de 52 mil pessoas

Turista usa máscara protetora e máscara de carnaval em Veneza. Período das festividades acabou cancelado devido a um surto do novo coronavírus no norte da Itália. Foto: ANDREA PATTARO / AFP
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*Atualizado às 10h de segunda-feira 24. 

O número de contágios pelo coronavírus na Itália subiu para 200, após a realização de cerca de três mil exames em pacientes suspeitos de ter a doença. Já há cinco mortes confirmadas no país.

A proliferação da enfermidade afeta principalmente quatro regiões do norte da Itália, e a maioria dos casos foi registrada na região da Lombardia, onde há 89 contaminados. Em Vêneto, foram relatados 24 (dois deles na cidade de Veneza).

No sábado, as autoridades italianas confirmaram a morte de duas pessoas pela doença, em Vêneto e na Lombardia.

A medidas para conter a disseminação do coronavírus provocaram a suspensão do tradicional Carnaval de Veneza, um dos eventos mais importantes da cidade dos canais e que havia começado há uma semana, com encerramento originalmente previsto para esta terça-feira. A decisão foi divulgada neste domingo pelo governador da região de Vêneto, Luca Zaia.

No norte italiano, cerca de 52 mil pessoas despertaram neste domingo em áreas onde nem a entrada nem a saída estava autorizada “salvo exceções particulares”, como anunciou o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte.

Com o fechamento de empresas e estabelecimentos comerciais e públicos, o cancelamento de eventos culturais e o adiamento dos jogos de futebol, o governo italiano tenta proteger parte das regiões da Lombardia (norte) e Veneto (nordeste) para impedir uma maior disseminação do surto.

A primeira medida de confinamento no mundo foi decidida em 23 de janeiro para os 11 milhões de habitantes de Wuhan, cidade do centro da China onde o surto surgiu em dezembro.

As imagens de emissoras italianas mostraram neste domingo uma ausência de barreiras ao redor das 11 localidades interditadas. O decreto de lei prevê, entretanto, sanções de até três meses de prisão para quem não cumprir a determinação.

Também aumentou para nove a cifra de infecções na cidade de Piacenza, na região vizinha de Emília Romanha, enquanto foram elevados a seis os resultados positivos em Piemonte.

Outros dois casos, de turistas chineses, foram diagnosticados há alguns dias na região do Lácio.

Do total de infectados, “54 estão internados em hospitais, 26 em unidades de terapia intensiva e 29 em isolamento domiciliar”, acrescentou o chefe de Proteção Civil italiana, Angelo Borrelli, em uma breve aparição diante da mídia para atualização dos dados no domingo 23.

A região da Lombardia também anunciou o fechamento durante a próxima semana de todas as escolas, universidades e a suspensão de eventos públicos e atividades comerciais naquela que é a área mais rica do país.

Borrelli explicou que ainda não foi possível localizar quem é o chamado “paciente zero” que espalhou o víru. “Assim, é difícil prever como será a disseminação”, ressaltou.

Aparentemente, é analisada a possibilidade de que a origem das infecções seja um italiano de 38 anos que, inicialmente, acreditava-se ter sido infectado ao jantar com um amigo que visitou a China e retornou do país em 21 de janeiro.

No entanto, o vice-ministro da Saúde, Pierpaolo Sileri, confirmou no sábado que o suposto “paciente zero” que teria infectado seu amigo depois de voltar da China nunca teve o vírus.

O chefe da Proteção Civil italiana anunciou que já existem “milhares de camas” disponíveis em dezenas de quartéis militares na Itália, caso seja necessário declarar uma quarentena.

Borrelli explicou que o Exército disponibilizou às autoridades 3.412 camas, enquanto a Força Aérea, cerca de 1.750, e que estão sendo feitos contatos para se usar hotéis, se necessário.

Alerta máximo na Coreia do Sul

Devido ao acentuado aumento do contágio, o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, decidiu estabelecer o “mais alto” nível de alerta em seu país. Após uma reunião governamental, ele afirmou que a epidemia de Covid-19 está “em um momento decisivo. Os próximos dias serão cruciais”.

A Coreia do Sul relatou 602 casos, sendo – excluindo o foco de infecção no cruzeiro Diamond Princess no Japão – o país com o maior número de pacientes com o coronavírus depois da China. Três novas mortes foram anunciadas neste domingo, elevando para cinco os casos fatais no país.

No domingo, houve também uma terceira morte entre os passageiros do Diamond Princess, segundo a rede japonesa NHK. Este é um homem de 80 anos que contraiu o vírus a bordo do navio e depois foi transferido para um hospital local.

O presidente sul-coreano pediu às autoridades que tomem “medidas de magnitude sem precedentes”, ao ser revelado que centenas de membros de uma mesma seita cristã estão agora infectados no sul do país. Mais de 9 mil dessas pessoas estão em quarentena ou foram forçadas a permanecer em suas casas.

Em relação ao número de mortos, o Irã, com oito, é o segundo país depois da China com mais casos fatais. Segundo balanço divulgado no domingo, já existem 43 casos de contágio no país, onde o governo anunciou no sábado o fechamento de estabelecimentos de ensino em 14 províncias, incluindo Teerã.

Israel anunciou que cerca de 200 estudantes de três centros educacionais do país devem permanecer em suas casas por 14 dias, depois de terem entrado em contato com turistas sul-coreanos que, ao retornar ao seu país, foram diagnosticados com o novo coronavírus.

“Maior emergência sanitária na China”

Na China, o saldo divulgado neste domingo era de 2.442 mortos após o anúncio de 97 novas vítimas fatais. Com exceção de uma, todas as mortes ocorreram na província central de Hubei, epicentro do surto.

O Ministério da Saúde chinês registrou 648 novas infecções, somando cerca de 77 mil casos existentes em todo o país. O número de mortes nas últimas 24 horas anunciadas no domingo continua em ligeiro declínio, em comparação à véspera (109), mas as infecções aumentam (397 no sábado).

O presidente chinês afirmou neste domingo que o surto do novo coronavírus é “a maior emergência sanitária” na China desde a fundação do regime comunista em 1949. Ele afirmou ser necessário reconhecer as “evidentes deficiências” ocorridas na resposta chinesa , durante uma reunião oficial para coordenar na luta contra o vírus, um reconhecimento pouco usual para um líder chinês.

A propagação da doença fora do país está despertando preocupação. A Organização Mundial da Saúde (OMS) teme “a possível disseminação de Covid-19 em países cujos sistemas de saúde são mais precários”, alertou o o diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

É o caso de muitos países africanos cujas infraestruturas de saúde e pessoal médico estão mal preparados para enfrentar a epidemia. Por enquanto, no continente, apenas o Egito confirmou uma pessoa infectada.

Um estudo publicado sexta-feira pelo centro de doenças infecciosas do Imperial College de Londres estima que “cerca de dois terços dos casos de Covid-19 fora da China não foram detectados em todo o mundo”.

MD/afp/efe

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