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Exército da Colômbia mata 15 guerrilheiros dissidentes das Farc; ‘guerra é guerra’, diz Petro

Segundo os militares, os guerrilheiros se afastaram das negociações de paz na semana passada

Créditos: Raul ARBOLEDA / AFP
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Uma ofensiva do Exército da Colômbia contra dissidentes das extintas Farc que se afastaram das negociações de paz na semana passada deixou 15 guerrilheiros mortos e mais de uma dezena de feridos nesta quinta-feira 25.

“Não se deve brincar com a paz, se é guerra, é guerra. Acabar com a guerra significa ser sério com a Paz”, advertiu o presidente colombiano, Gustavo Petro, na rede X.

As negociações entre o governo e dissidentes do Estado-Maior Central (EMC) sofreram um novo revés em 16 de abril, quando o grupo se dividiu em dois: um bloco liderado pelo guerrilheiro com codinome ‘Andrey’ continuou os diálogos com o governo, e outro, comandado por Iván ‘Mordisco’ (Mordida, em português), afastou-se.

O Exército havia anunciado mais cedo o golpe contra essa cisão. De acordo com um comunicado, os militares “neutralizaram (abateram) 15 integrantes” da denominada frente Carlos Patiño em El Plateado, localidade do município de Argelia, no sudoeste do país, onde os rebeldes criaram um reduto repleto de cultivos de entorpecentes.

“Aparentemente, outros 12 integrantes da mencionada estrutura estariam feridos”, acrescentou o Exército, que garantiu que a operação militar continua.

O general Omar Sepúlveda, segundo comandante do Exército, disse que “as operações ofensivas duram cerca de 15 dias”, nos quais “houve combates durante o dia e à noite”.

Petro, por sua vez, questionou o compromisso do EMC nessa região e disse que “esta é a maior ação” contra o grupo.

‘Mordisco’

Segundo o governo, a frente Carlos Patiño está entre as estruturas sob o comando de ‘Mordisco’, poderoso líder e ex-membro das Farc que se tornou uma dor de cabeça para o presidente.

Sempre vestindo roupa camuflada e com óculos escuros, o líder guerrilheiro rejeitou o acordo de paz de 2016 e, ao contrário da maioria de seus ex-companheiros de armas, não se desmobilizou.

Em meio à turbulência na mesa de diálogo, Petro pediu que a força pública capture ‘Mordisco’ vivo.

El Plateado fica no Cânion de Micay, uma região “proibida” para a força pública, pois ali os guerrilheiros são o Estado de fato.

Soldados e policiais tentam há meses tomar o controle da área, mas foram obrigados a sair pela comunidade, que, segundo as autoridades, vem sendo “instrumentalizada” pelos rebeldes.

Antes de se afastar do processo de paz, ‘Mordisco’ se queixava de que o Exército estava tentando entrar em seu reduto à força.

O Exército mantém a pressão para “causar o maior dano a uma guerrilha que insiste, persiste e continua lá no Cânion de Micay, gerando a onda de violência”, afirmou o general Federico Mejía, que chefia o Comando Específico do departamento (estado) do Cauca.

50%/50%

‘Mordisco’ foi um comandante médio nas extintas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), a guerrilha mais poderosa do continente à época. Quando a organização se tornou um partido político, o rebelde seguiu na selva, onde trafica cocaína e ouro e expande o seu poder para outros crimes, como extorsão.

‘Andrey’ era seu aliado nas negociações de paz, mas, aparentemente, a relação entre os dois se degradou quando se desentenderam sobre a forma de ver o processo.

O governo assegura que atualmente 50% do EMC estão comprometidos com as negociações, razão pela qual mantém um cessar-fogo com eles.

Petro é o primeiro presidente de esquerda da história do país e aposta em uma saída pacífica para mais de meio século de conflito armado.

Além do bloco chefiado por ‘Andrey’, o governo negocia com a guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN), em meio a violações das tréguas pactuadas pelas duas partes, que levaram à suspensão dos diálogos em várias ocasiões.

Apesar dos esforços de paz do governo, a violência não cede e o narcotráfico alcança picos históricos, segundo organizações internacionais.

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