Mundo
Governo Milei anuncia lei para punir ‘doutrinação nas escolas’ da Argentina
Gestão criará um disque-denúncia para que pais e alunos possam denunciar quando sentirem desrespeitado o direito à educação; no anúncio, o governo evitou explicar o que entende por ‘doutrinação’
Manuel Adorni, porta-voz do governo do presidente argentino Javier Milei, anunciou que prepara uma reforma legislativa para punir as escolas argentinas que pratiquem o que chamou de “doutrinação”.
Segundo o porta-voz do presidente, o governo vai criar um canal para que pais e alunos possam denunciar “atividades políticas que não respeitam a liberdade de expressão” ou quando “não sentem que o seu direito à educação está sendo respeitado”.
“Entristece-nos ver conteúdos nas salas de aula e nos eventos tingidos de militância ideológica”, afirmou Adorni em coletiva de imprensa.
O porta-voz não especificou quais poderiam ser as punições impostas as escolas. Ele também não explicou o que o governo Milei entende por “doutrinação”.
Ao anunciar o projeto de lei, Adorni mencionou um episódio que viralizou nas redes sociais neste semana, quando o país comemorou o Dia dos Veteranos e dos Caídos na Guerra das Maldivas. No vídeo, é possível ouvir uma professora que criticava a guerra pelo território ultramarino com a Inglaterra.
“A mídia convenceu a sociedade de que ir à guerra era bom e necessário”, diz a professora sobre o conflito, iniciado em 2 de abril de 1982.
Um grupo de pais aplaude a declaração da professora, enquanto outro grupo responde com assobios e exige que o microfone seja desligado.
Segundo o porta-voz do governo, a educadora teria ofendido estudantes, famílias e veteranos ao fazer o comentário.
A empreitada legislativa intensifica ainda mais as tensões entre os professores e o governo Milei.
Na quarta-feira 3, os principais sindicatos de professores convocaram uma greve geral para as escolas. Os grevistas exigem a atualização salarial da categoria, em meio a um cenário de inflação de mais de 270% ao ano.
Na cidade de Buenos Aires, onde professores se reuniram para protestar em frente ao Congresso Nacional na quinta-feira, a polícia reprimiu os protestos com gás lacrimogêneo, ação possibilitada por um protocolo governamental contra o fechamento de ruas.
Um minuto, por favor…
O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.
Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.
Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.
Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.
Assine a edição semanal da revista;
Ou contribua, com o quanto puder.