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França se prepara para segundo dia de greve nacional contra a reforma da Previdência

No primeiro dia de protestos, mais de 1 milhão de pessoas se manifestaram

Foto: Alain JOCARD/AFP
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O controverso projeto de reforma da Previdência do governo de Emmanuel Macron chegou nesta segunda-feira (30) na mesa da comissão de Questões Sociais da Assembleia de deputados, primeira etapa de um longo e complexo processo. Sindicatos e partidos de esquerda tentam mobilizar a população para sair às ruas nesta terça-feira (31) e repetir a performance do dia 19, quando mais de 1 milhão se manifestaram.

Após terem reunido entre um e dois milhões de manifestantes há quase duas semanas, os sindicalistas se apoiam nas pesquisas de opinião para prever uma forte mobilização. Uma sondagem realizada pelo Instituto Francês de Opinião Pública e divulgada no domingo (29) pelo Journal du Dimanche apontou que 68% são contra o projeto de reforma. Outra pequisa, realizada pelo instituto Opinion Way e publicada no diário econômico Les Echos, mostra que 61% dos franceses apoiam os protestos.

A paralisação deve ter grande adesão dos trabalhadores dos setores da educação e dos transportes. Sindicatos de professores preveem 50% de grevistas entre funcionários do maternal ao ensino médio.

Em toda a França, apenas um trem de alta velocidade (TGV) a cada três e dois a cada dez trens regionais funcionarão. Na capital francesa, a circulação de metrôs e trens que fazem a ligação entre Paris e os subúrbios estará “muito perturbada”, indicou a Rede Autônoma de Transportes Parisiense (RATP).

Já a Air France anunciou que cancelará um voo de curta e média distância a cada dez, mas os trajetos de longa distância não serão afetados. A Direção Geral de Aviação Civil (DGAC) também pediu às companhias aéreas para cancelarem um em cada cinco voos no aeroporto de Orly, o segundo principal da região parisiense.

A greve também deverá ganhar uma forte adesão dos empregados de refinarias, que já haviam parado de trabalhar nos dias 19 e 26 de janeiro. Na EDF, maior grupo de produção e distribuição de energia da França, metade dos empregados devem aderir ao movimento nesta terça-feira. Cortes pontuais de eletricidade podem ocorrer durante o dia.

O setor das mídias também promete paralisar. Programas de televisão e rádios públicas podem ser afetados pela mobilização, entre eles os da RFI. Alguns jornais também podem não chegar às bancas, como foi o caso dos diários regionais Nice Matin e Dauphiné Libéré.

Em todo o país, dezenas de prefeituras, como a de Paris, fecharão suas portas em solidariedade aos grevistas. O apoio deve prejudicar o funcionamento de creches, cujo gerenciamento é municipal.

Segurança reforçada

Os serviços de segurança esperam uma mobilização de 1,2 milhão de manifestantes nas ruas em todo o país, onde serão realizados cerca de 240 atos. O maior protesto será o de Paris, com início às 14h local (10h em Brasília) na Praça da Itália, no sul da capital. Os participantes marcharão até a Praça Vauban, no centro, nas proximidades da Assembleia Nacional.

Onze mil policiais foram convocados para acompanhar os protestos, quatro mil apenas na capital francesa. O anúncio do dispositivo de segurança foi feito pelo ministro do Interior, Gérald Darmanin, que diz esperar que a mobilização ocorra “sem incidentes graves”.

Em viagem a Haia, o presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu a reforma nesta segunda-feira. Segundo ele, o projeto é “indispensável” para “salvar o sistema”.

Se aprovada pela Assembleia, a idade para a aposentadoria passará dos 62 anos 64 anos. A contribuição mínima do trabalhador também será estendida a 43 anos.

A esquerda francesa denuncia um texto “injusto e injustificado”, que penalizará particularmente as trabalhadoras mulheres. Em resposta, o partido da esquerda radical França Insubmissa apresentou nesta tarde um contra-projeto, com a proposta da idade mínima para a aposentadoria de 60 anos e 40 anos de contribuição total. No entanto, no domingo, a primeira-ministra Elisabeth Borne afirmou que o recuo da idade “não é mais negociável”.

O texto será apresentado aos deputados no próximo 6 de fevereiro. A previsão é que os debates sobre o projeto durem ao menos duas semanas.

(RFI com agências)

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