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Faixa de Gaza tem terceira noite de ‘combates intensos’ entre Israel e Hamas

Exército israelense anunciou ter matado dezenas de combatentes do Hamas; 8 mil palestinos morreram

Foto: FADEL SENNA / AFP
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O Exército israelense informou nesta segunda-feira 30 que suas tropas mataram “dezenas” de combatentes em confrontos noturnos na Faixa de Gaza, bombardeada em resposta aos ataques violentos do Hamas em 7 de outubro.

O movimento islamista palestino reportou “combates intensos” no norte do enclave, pela terceira noite consecutiva, depois que Israel intensificou as operações terrestres com militares e tanques.

“Nossos combatentes travam atualmente intensos combates com metralhadoras e armas anti-tanques contra as forças de ocupação inimigas no noroeste de Gaza”, afirmaram, em um comunicado, as Brigadas Ezzedin al Qassam, braço armado do Hamas.

Os combatentes mortos pelo Hamas, diz o Exército de Netanyahu, “estavam entrincheirados em edifícios e túneis e que tentaram atacar os soldados”. Um caça atacou um edifício “com mais de 20 terroristas do Hamas em seu interior”, afirma o comunicado militar.

Um avião também bombardeou um ponto de lançamento de mísseis antitanques na área da Universidade de Al Azhar, de acordo com o mesmo comunicado.

Al Azhar fica no centro da cidade de Gaza e é um alvo dos ataques de Israel desde 7 de outubro.

O Exército israelense afirmou que bombardeou mais de 600 alvos na Faixa de Gaza nas últimas 24 horas, incluindo depósitos de armas, dezenas de posições de lançamentos de mísseis antitanque, além de esconderijos.

Os bombardeios de Israel já deixaram 8.000 mortos em Gaza, segundo o Ministério da Saúde do território. O balanço de mortos em Israel segue em 1.400.

Colapso da ordem pública

Centros de abastecimento da ONU têm invasão de palestinos em busca de comida em Gaza. Foto: Mohammed Abed/AFP

Diante dos ataques e do cerco ao enclave, as Nações Unidas temem um colapso da “ordem pública” enquanto vê seus centros de distribuição sendo saqueados. A ajuda humanitária limitada que chega ao território também causa preocupação na organização.

Autoridades mundiais urgiram aumentar a ajuda ao território, governado pelo Hamas, e manifestantes em todo o mundo pediram um cessar-fogo, depois que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, antecipou uma “guerra longa e difícil”.

O ministro da Defesa, Yoav Gallant, informou, por sua vez, que com as incursões por terra tinha começado uma “nova fase” da guerra.

Tomada de aeroporto

Dezenas de milhares de pessoas protestaram, neste domingo, em Marrocos, Espanha e Grécia, pedindo um cessar-fogo em Gaza.

Na república russa do Daguestão, de maioria muçulmana, dezenas de manifestantes invadiram o aeroporto de Makhachkala, após o anúncio de que um avião procedente de Israel estava chegando.

Os distúrbios levaram o controlador aéreo russo, Rosaviatsia, a suspender todos os voos com origem e destino neste terminal. À noite (tarde no Brasil), as autoridades informaram que as forças de ordem tinham retomado o controle da situação.

A situação em Gaza se torna “cada vez mais desesperadora” à medida que as horas passam, alertou o secretário-geral da ONU, António Guterres.

A Faixa de Gaza é submetida a um bloqueio israelense terrestre, marítimo e aéreo há 16 anos, ao que se soma, desde 9 de outubro, um “assédio total” do território. Seus moradores buscam desesperadamente comida, água, remédio e refúgio.

A organização Crescente Vermelho palestino informou que Israel bombardeia reiteradamente os arredores do hospital Al-Quds, no centro de Gaza.

A Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA) informou que milhares de pessoas saquearam vários de seus centros de distribuição em busca de farinha ou artigos de higiene.

“Este é um sinal preocupante de que a ordem civil está começando a desmoronar”, advertiu a agência.

O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, e o presidente francês, Emmanuel Macron, insistiram na necessidade de um “apoio humanitário urgente em Gaza”, informou o gabinete do premiê, após uma conversa entre os dois dirigentes.

O Hamas, por sua vez, urgiu o Egito a agir de forma “decisiva” para acelerar a entrada de ajuda em Gaza.

Da mesma forma, o procurador-chefe do Tribunal Penal Internacional (TPI), Karim Khan, alertou que “impedir a chegada de ajuda [a Gaza] pode constituir um crime”.

Ajuda a conta-gotas

Em Rafah, no sul de Gaza, Etidal al Masri fazia fila com a esperança de poder comprar um pouco de pão.

Os habitantes de Gaza “agora temos que fazer fila para conseguir pão, tomar banho e inclusive para dormir”, lamentou esta deslocada do norte de Gaza.

A ONU estima que haja cerca de 1,4 milhão de pessoas deslocadas em Gaza pelos bombardeios incessantes e as ordens de Israel de evacuar o norte do território.

Dez caminhões com ajuda humanitária entraram neste domingo a partir do Egito, aumentando a 94 o total de veículos que conseguiram entrar em Gaza desde 21 de outubro, segundo o Crescente Vermelho palestino.

O assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, pediu a Israel para “tomar todas as medidas possíveis (…) para distinguir entre o Hamas – os terroristas que são alvos militares legítimos – e os civis, que não são”.

Netanyahu reúne-se com parentes de reféns

Netanyahu se reuniu no sábado com familiares dos reféns, cada vez mais descontentes com a “completa incerteza” sobre seu retorno, segundo Haim Rubinstein, seu porta-voz.

Quatro mulheres foram libertadas até o momento e o líder do grupo islamista em Gaza, Yahya Sinwar, disse estar disposto a uma troca “imediata” dos reféns em seu poder pelos presos palestinos em Israel.

As operações terrestres de Israel aumentam o temor de que o conflito se estenda e que outros países decidam intervir.

O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, cujo país apoia o Hamas, declarou que Israel tinha cruzado “as linhas vermelhas” ao intensificar sua ofensiva.

As tensões se multiplicam na fronteira entre Israel e Líbano, com novas trocas de tiros entre tropas israelenses e o grupo Hezbollah.

A violência também aumenta na Cisjordânia ocupada, onde o Ministério da Saúde reportou mais de 110 mortos palestinos desde 7 de outubro.

(Com informações de AFP)

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