Mundo
Ex-presidente Martín Vizcarra sai da prisão no Peru
Segundo o Ministério Público, ele recebeu subornos de cerca de 640 mil dólares, em troca da concessão de obras em Moquegua


O ex-presidente do Peru Martín Vizcarra saiu da prisão nesta quinta-feira 4 após 22 dias preso, em cumprimento da decisão de um tribunal de apelações para que seja processado em liberdade em um caso de suposta corrupção.
Vizcarra, de 62 anos, foi enviado à prisão em 13 de agosto por um juiz que alegou risco de fuga no julgamento por supostos subornos recebidos quando era governador da região de Moquegua, há 11 anos.
“A prisão preventiva contra mim foi completamente ilegal. Apesar da difícil situação por que passei, saio fortalecido”, disse Vizcarra à imprensa após deixar a prisão exclusiva para ex-representantes.
Rodeado por numerosos apoiadores que o aguardaram por várias horas, o ex-chefe de Estado (2018-2020) antecipou que continuará “colaborando com a Justiça”.
“Não vou sair do país, não vou fugir”, enfatizou.
Seus apoiadores comemoraram sua libertação com cartazes e bandas de músicos.
“Vim receber nosso ex-presidente Martín Vizcarra. Nós confiamos nele”, disse à AFP Guadalupe Cruz, uma dona de casa de 60 anos.
Segundo o Ministério Público, o ex-presidente recebeu subornos de empresas construtoras de cerca de 640 mil dólares, em troca da concessão de obras públicas em Moquegua.
Vizcarra, que sempre defendeu sua inocência, respondia em liberdade no julgamento pelo caso que remonta à sua época como governador (2011-2014).
O Congresso peruano, dominado por seus adversários de direita, o inabilitou neste ano até 2035 para concorrer a cargos públicos, alegando que ele não respeitou a Constituição durante seu mandato.
Vice-presidente no governo de Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018), Vizcarra assumiu a Presidência após a renúncia de Kuczynski devido ao escândalo de corrupção ligado à empresa brasileira Odebrecht.
Em 2019, dissolveu o Congresso e convocou novas eleições legislativas. O renovado Parlamento o destituiu em novembro de 2020, o que ocasionou protestos massivos que deixaram dois manifestantes mortos.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.