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EUA, UE e União Africana aumentam a pressão sobre golpistas no Níger

O general Abdourahamane Tian apareceu na televisão estatal na sexta-feira 28 para se autodeclarar o novo líder do país

Registro do general Abdourahamane Tiani após o golpe no Níger. Foto: ORTN-Télé Sahel/AFP
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Os Estados Unidos e a União Europeia manifestaram o seu apoio ao presidente deposto do Níger, Mohamed Bazoum, e aumentaram a pressão sobre os militares golpista. Neste sábado 29, a União Africana também exigiu o restabelecimento da ordem constitucional em até 15 dias.

O general Abdourahamane Tiani, que comanda a Guarda Presidencial desde 2011, apareceu na televisão estatal na sexta-feira para se autodeclarar o novo líder do Níger. Seus homens mantêm Bazoum, eleito democraticamente, refém em sua residência oficial em Niamey, a capital, desde quarta-feira.

Tiani justificou o golpe afirmando que há uma “deterioração da situação de segurança” no país devido à violência de grupos jihadistas.

A União Africana e a União Europeia juntaram-se às condenações internacionais contra a tomada do poder, a mais recente na região do Sahel. Mali e Burkina Faso também sofreram golpes militares nos últimos anos.

O Conselho de Paz e Segurança da UA “exige aos militares que retornem imediata e incondicionalmente aos seus quartéis e restabeleçam a autoridade constitucional, no prazo máximo de quinze dias”, disse em comunicado divulgado após uma reunião na sexta-feira.

O bloco também condenou “nos termos mais fortes possíveis” a derrubada do governo eleito e expressou profunda preocupação com o “ressurgimento alarmante” de golpes militares na África.

O chefe diplomático da UE, Josep Borrell, disse em comunicado que o bloco europeu “não reconhece e não reconhecerá as autoridades” por trás do golpe e pediu a libertação imediata de Bazoum, que “continua sendo o único presidente legítimo do Níger”.

Borrell anunciou a suspensão “indefinidamente e com efeito imediato” de toda a cooperação de segurança com o Níger e o fim da ajuda orçamentária. Ele também indicou que a UE está pronta para apoiar futuras decisões tomadas pelo bloco regional da África Ocidental, “incluindo a adoção de sanções”.

Na sexta-feira, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, garantiu por telefone a Bazoum, que apesar do isolamento tem conseguido receber telefonemas de diplomatas e de vários chefes de Estado, que ele conta com o “apoio inabalável” de Washington.

Reunião de líderes regionais

Os líderes da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental se reunirão no domingo em Abuja, na Nigéria, para avaliar a situação e as prováveis sanções.

O presidente francês, Emmanuel Macron, presidirá neste sábado um Conselho de Segurança Nacional e Defesa sobre o Níger, onde 1,5 mil soldados franceses e mil americanos estão atualmente destacados.

Tiani, de 59 anos, permanecia fora dos holofotes, apesar de uma carreira estelar que o levou a liderar a Guarda Presidencial desde 2011, quando foi nomeado pelo ex-presidente Mahamadou Issoufou.

“Ele não é muito conhecido fora dos círculos militares, não tem presença pública”, disse Ibrahim Yahaya Ibrahim, pesquisador do International Crisis Group.

Quando Bazoum se tornou presidente, Tiani permaneceu no cargo. Mas, segundo pessoas próximas ao líder contatadas pela AFP, as relações entre o general Tiani e o chefe de Estado pioraram nos últimos meses devido ao desejo de Bazoum de substituí-lo.

O Níger, sem saída para o mar, é uma das nações mais pobres do mundo e frequentemente ocupa o último lugar no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU, apesar de ser rico em urânio.

Sua história política tem sido turbulenta desde 1960, quando conquistou a independência da França. Ele sobreviveu a quatro golpes e diversas outras tentativas, incluindo duas contra Bazoum.

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