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EUA lançam novo ataque contra rebeldes huthis no Iêmen

Bombardeios aumentam os temores de uma conflagração regional da guerra entre Israel e Hamas

Protesto no Iêmen na sexta-feira 12 condenou ataques ao país. Foto: AFP
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Os Estados Unidos lançaram neste sábado 13 um novo ataque contra os rebeldes huthis do Iêmen, disse o Comando Central de suas Forças Armadas, um dia depois de vários bombardeios contra o grupo acusado de ameaçar o tráfego marítimo no Mar Vermelho.

“As forças americanas lançaram um ataque contra um radar dos huthis no Iêmen” por volta das 3h45 locais de sábado (21h45 de sexta-feira em Brasília), de acordo com um comunicado do Exército americano.

Os Estados Unidos declararam que o ataque deste sábado é “uma ação de acompanhamento de um alvo militar específico”, relacionado com os ataques da véspera.

Veículos de comunicação dos huthis já haviam anunciado que o ataque atingiu a base aérea de Al Dailami na capital do país, Sanaa, controlada desde 2014 por esse grupo rebelde apoiado pelo Irã.

Esses bombardeios contra o Iêmen aumentam os temores de uma conflagração regional da guerra entre Israel e o movimento islamista Hamas na Faixa de Gaza.

Estados Unidos, Reino Unido e oito aliados disseram que a operação de sexta-feira tinha como objetivo “desescalar as tensões” e “restaurar a estabilidade no Mar Vermelho”, após os inúmeros ataques dos huthis nessas águas.

Os huthis prometeram continuar suas ações nessa importante rota comercial marítima e alertaram que “todos os interesses americanos e britânicos se tornaram alvos legítimos”.

Estes rebeldes controlam parte do Iêmen desde o início de uma guerra civil em 2014 e fazem parte do autoproclamado “eixo de resistência”, que inclui o Hamas, o Hezbollah libanês e outros grupos armados hostis a Israel e apoiados pelo Irã.

A atividade desses movimentos no Iêmen, no Líbano, na Síria e no Iraque aumentou desde a eclosão da guerra em Gaza no início de outubro de 2023.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, pediu a todas as partes para “não agravarem” a situação volátil na região, disse seu porta-voz.

O Conselho de Segurança da ONU se reuniu de emergência na sexta-feira para abordar os bombardeios, dias depois de adotar uma resolução exigindo que os huthis parem de atacar navios no Mar Vermelho.

O embaixador russo na ONU, Vasili Nebenzia, denunciou uma “descarada agressão armada” dos Estados Unidos contra a população inteira desse país da Península Arábica.

Ataques no Mar Vermelho

Há semanas, o grupo rebelde ataca os navios supostamente ligados a Israel que atravessam o Mar Vermelho, no que considera como atos de “solidariedade” aos palestinos em Gaza. Por ali, circulam 12% do comércio mundial.

O ataque dos Estados Unidos e de seus aliados na sexta-feira atingiu quase 30 locais e utilizou mais de 150 projéteis, informou o chefe do Estado-Maior Conjunto dos EUA, general Douglas Sims.

De acordo com a rede de televisão huthi Al Marisah, tiveram como alvo uma base aérea, aeroportos e um acampamento militar. Um porta-voz militar huthi disse que pelo menos cinco pessoas morreram.

O presidente americano, Joe Biden, disse “não acreditar” que a ação tenha causado vítimas civis e advertiu que “não hesitará” em ordenar mais ações militares, se necessário.

Segundo Biden, a operação foi uma “ação defensiva” bem-sucedida, após os ataques “sem precedentes” no Mar Vermelho.

O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, afirmou que a violação do direito internacional pelos huthis merecia um “sinal forte” em resposta.

Já o porta-voz do Ministério iraniano das Relações Exteriores, Naser Kanani, estimou que os ataques ocidentais vão alimentar “a insegurança e a instabilidade na região” e “desviarão” a atenção de Gaza.

Os analistas consideram que é pouco provável que os ataques das potências ocidentais detenham os rebeldes.

“Eles reduzirão, mas não vão acabar, com a ameaça huthi ao transporte marítimo”, afirmou Jon Alterman, diretor do Programa para o Oriente Médio no Center for Strategic and International Studies (CSIS), com sede em Washington.

Custo econômico

Desde 19 de novembro, os huthis lançaram 27 ataques perto do Estreito de Bab al-Mandeb, que separa a Península Arábica da África, segundo o Exército americano.

Essa instabilidade tem levado várias companhias marítimas a desviarem os navios que transitam entre Ásia e Europa para contornar o continente africano, o que aumenta o tempo e o custo do transporte. Desde meados de novembro, o número de porta-contêineres que atravessam o Mar Vermelho despencou 70%, segundo especialistas em transporte marítimo.

Em Sanaa, centenas de milhares de pessoas, algumas brandindo rifles Kalashnikov, reuniram-se em um protesto onde agitaram bandeiras iemenitas e palestinas e ergueram retratos do líder huthi, Abdulmalik al-Huthi, observou um jornalista da AFP.

“Morte aos Estados Unidos, morte a Israel”, gritavam.

Em Teerã, centenas de pessoas foram às ruas contra Estados Unidos, Reino Unido e Israel, queimando bandeiras dos três países, e manifestaram seu apoio a Gaza e ao Iêmen.

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