Bolívia, Argentina, Chile, Venezuela, Equador, Colômbia e Uruguai. Em vários pontos da América Latina, o povo foi às ruas por mudanças. O crescimento de lideranças à direita esteve presente, bem como a reação de grupos populares contra as políticas neoliberais que tentam se impôr no continente. O Brasil ficou de fora.
Bolívia
Estava tudo tranquilo na Bolívia. Parecia. Quando chegou o momento da eleição presidencial, os bolivianos passaram a questionar a legitimidade de Evo Morales (que presidia o país desde 2006) de disputar o quarto mandato consecutivo. Às vésperas da eleição, surge um concorrente com chances de derrotá-lo: o pastor Chi Hyung Chung. A eleição ocorre e a oposição passa a questionar fraude no processo. Evo acusa a oposição de uma tentativa de golpe. Os votos são recontados e Evo vence a eleição. A Organização dos Estados Americanos (OEA) decide, no entanto, realizar uma auditoria dos resultados e defende que houve fraude no processo. O presidente anuncia a convocação de novas eleições. Antes que isso ocorra, no entanto, ele e seu vice renunciam. Assume a senadora Jeanine Añez.
O povo vai às ruas e as forças policiais sob o comando de Añez deixam mortos e feridos. Evo foge para o México e, posteriormente, se refugia na Argentina.
Argentina
Na Argentina, os ventos sopraram para a esquerda. Maurício Macri, que governou o país entre 2015 e 2019, perdeu a reeleição para a chapa encabeçada por Alberto Fernández, que foi chefe de gabinete durante a Presidência de Christina Kirchner, sua vice.
O novo presidente, que tomou posse no início de dezembro, foi eleito com uma agenda popular.
Chile
Em outubro, se iniciaram levantes contra o presidente chileno, Sebastian Piñera. Inicialmente, os protestos se iniciaram contra o aumento do preço do bilhete do metrô de Santiago, mas logo, se radicalizaram com incêndios em vários pontos da cidade, saques e destruição de bancos. O presidente declarou estado de emergência e as manifestações ganham um caráter social. Piñera anunciou um pacote de medidas sociais que pudessem solucionar os problemas de ordem econômica do país, mas os protestos continuam e em consequência, a violência policial. A ONU passou a intervir no país, investigando as violações e promovendo missões de paz.
Venezuela
O clima continuou acirrado na Venezuela. Sob a liderança de Nicolás Maduro, houve protestos durante todo o ano a favor e contra o presidente. Algumas lideranças passaram a reconhecer Juan Guaidó como o presidente autoproclamado do país após as notícias de que Maduro teria fraudado as eleições venezuelanas para se manter no poder. No entanto, Maduro se manteve firme e a aposta da oposição em Guaidó não vingou. Durante o ano, em meio a crise política, o país sofreu escassez de alimentos e medicamentos e a Cruz Vermelha interviu para a distribuição desses itens.
Equador
No Equador, a população foi às ruas após uma alta de 123% no preço dos combustíveis. Em outubro, manifestantes invadiram as ruas para protestar contra a decisão do presidente de orientação socialista, Lenín Moreno. O levante foi coordenado por movimentos indígenas, que representam 1/4 da população equatoriana. Pressionado, Moreno voltou atrás e a crise no país foi minimizada.
Colômbia
A Colômbia não ficou de fora dos protestos. No país, o povo foi às ruas em reivindicação ao projeto de Ivan Duque, presidente colombiano de orientação à direita. Entre suas pautas, estavam o combate a projetos de reforma dos direitos trabalhistas e da Previdência. Os movimentos foram convocados por grupos sindicais, a Igreja Católica, parlamentares da oposição e grupos indígenas. Alguns deles protestavam também em defesa dos acordos de paz assinado com a guerrilha colombiana e contra os assassinatos na zonas rurais. Até o início de dezembro, foram realizadas três grandes greves nacionais.
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